PUBLICIDADE

Democratas criticam a nova estratégia de Bush para o Iraque

A nova estratégia vai consumir verba extraordinária de US$ 6,8 bilhões

Por Agencia Estado
Atualização:

Legisladores do Partido Democrata rejeitaram a nova estratégia para o Iraque anunciada nesta quinta-feira pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e anunciaram uma campanha para vetar a sua adoção no Congresso. Em discurso ao país, Bush revelou que enviará mais 21.500 soldados para reforçar o contingente de 140 mil postado no Iraque. Ele descartou a opção de uma retirada militar que, segundo disse, causaria o "desmoronamento" do governo iraquiano. O plano será financiado com uma dotação extraordinária de US$ 6,8 bilhões. Num breve discurso de resposta às palavras de Bush, o senador democrata Dick Durbin afirmou que seu partido está convencido de que os EUA "não vão ganhar a guerra" e afirmou que o aumento de tropas não vai mudar o resultado. "Este é o momento de Bush enfrentar a realidade. Os EUA estão pagando um preço muito alto. Chegou a hora de planejar uma retirada ordenada de nossas tropas", afirmou. Para o democrata, a principal responsabilidade no conflito está nas mãos dos iraquianos, e não dos americanos. "Eles devem defender seu próprio país. Só eles podem dirigir a sua nação rumo à liberdade", opinou. O presidente falou ao país dois meses depois de o Partido Republicano perder o controle do Congresso. As eleições legislativas, segundo os analistas, mostraram uma rejeição direta do povo americano ao conflito. Um comunicado do Centro de Comunicações dos democratas no Senado afirmou que o plano de Bush ignora a voz das urnas e vai intensificar a guerra. Os legisladores, apoiados pelo general da reserva Wesley Clark, ex-comandante chefe da Otan, lembraram que alguns generais da ativa sugeriram a busca de outra solução, não militar, para o conflito. "Os generais e o país estão de acordo: chegou o momento de fazer a transição da nossa missão militar, retirar de maneira responsável nossas tropas e pôr fim ao compromisso sem fim no Iraque", afirmaram os legisladores na declaração. "Aumentar a guerra só atrasará o dia em que o Governo iraquiano chegará à solução política de que precisa para garantir seu próprio futuro", acrescentaram. Segundo o senador Charles Schumer, o aumento do contingente militar no Iraque "não tem sentido". "Sem uma mudança de estratégia, nenhum reforço poderá endireitar o Iraque", opinou. Clark disse que "após três anos e meio de prognósticos e expectativas fracassadas, o presidente Bush deve ao povo americano uma justificação detalhada sobre por que um aumento marginal de tropas e mais promessas de políticos iraquianos mudarão a situação no Iraque". Já o senador Robert Menéndez afirmou que o presidente "fez ouvidos de mercador" ao recado das urnas e insistiu em repetir Erros. Menéndez, membro do Comitê de Relações Exteriores do Senado, disse que "chegou o momento de o Congresso exercer suas prerrogativas e fazer cumprir o desejo dos americanos de mudar o rumo no Iraque". Ele prometeu apoiar um projeto do senador Edward Kennedy de impedir o envio de mais tropas ao Iraque e bloquear os fundos para o reforço. "Como deixaram claro as eleições de novembro, a maioria dos americanos se opõe à Guerra do Iraque, e um número ainda maior é contra o envio de mais tropas", disse Kennedy na terça-feira. Kennedy destacou que sua iniciativa reivindica o papel constitucional do Congresso em decisões sobre a guerra e a paz. "Temos o poder sobre o erário público e vamos exercer esse poder", avisou. O senador afirmou que o aumento de tropas seria "um imenso novo erro" e que é preciso abandonar a opção militar para encontrar uma solução política. "O que Bush defende é manter o rumo, sob outro nome. Só fará os Estados Unidos serem mais odiados no mundo todo", acrescentou Kennedy.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.