WASHINGTON - A foto de Óscar Ramírez e Valeria, pai e filha encontrados mortos às margens do Rio Grande, foi usada nesta quarta-feira, 26, na disputa política entre republicanos e democratas. Um dia depois da divulgação da imagem, a oposição ao presidente Donald Trump culpou a política migratória restritiva promovida por seu governo pela morte dos dois salvadorenhos na fronteira.
No jogo de empurra, o presidente americano acusou os democratas pelas mortes de Óscar e Valeria, cuja imagem, segundo ele, o deixou “perturbado”. Trump afirmou que a tragédia poderia ter sido evitada se seus adversários aprovassem as leis propostas pela Casa Branca, que diminuiriam o risco das travessias.
“Se tivéssemos as leis certas, que os democratas não estão nos deixando ter, essas pessoas não viriam. Elas nem estariam tentando”, afirmou Trump, antes de embarcar para o Japão, para a cúpula do G-20.
No Senado, a maioria republicana aprovou US$ 4,6 bilhões em ajuda humanitária de emergência para a fronteira. Os senadores, porém, rejeitaram uma legislação parecida, aprovada no dia anterior na Câmara dos Deputados, de maioria democrata. A proposta dos deputados, embora parecida, estabelecia regras sobre como o dinheiro poderia ser gasto.
Antes da votação no Senado, o líder democrata Chuck Schumer exibiu a fotografia dos salvadorenhos mortos, culpando o governo de Trump pelas condições na fronteira. “Presidente Trump, quero que você veja essa foto. Esses não são traficantes, vagabundos ou criminosos. São simplesmente pessoas tentando escapar de situações horríveis em seus países de origem.”
A foto também despertou críticas dos pré-candidatos democratas momentos antes de seu primeiro debate, em Miami. “Quando seu governo se nega a cumprir as leis, impedindo que os refugiados se apresentem para solicitar asilo em nossos pontos de entrada, faz com que as famílias se arrisquem, com maior sofrimento e morte”, escreveu Beto O’Rourke, ex-deputado do Texas e pré-candidato à presidência.