Democratas insistem em retirada das tropas do Iraque

Segundo denúncias, o governo não possui uma estratégia de retirada e o "problema" pode ficar nas mãos do próximo presidente dos Estados Unidos

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Por Agencia Estado
Atualização:

O líder do Partido Democrata dos Estados Unidos, Howard Dean, defendeu novamente neste sábado a retirada das tropas americanas no Iraque, proposta que foi derrotada no Congresso. Durante um discurso transmitido pelo rádio, Dean criticou a "fracassada liderança política e a falta de planejamento" do governo do presidente George W. Bush, que não fixou um prazo para a retirada dos cerca de 130 mil soldados americanos no país árabe. O líder dos democratas afirmou que o governo não possui uma estratégia de retirada e o "problema" pode ficar nas mãos do próximo presidente dos Estados Unidos. Mortes Mais de 2.500 soldados americanos morreram e outros 18 mil ficaram feridos desde o início da guerra do Iraque, em março de 2003. No lado iraquiano, cerca de 30 mil pessoas morreram no conflito. Os números, somados às lutas sectárias no Iraque, serviram como argumento para a oposição política que, no entanto, se mantém dividida sobre como e quando efetuar a retirada das tropas americanas do país árabe. Segundo Dean, a insistência de Washington em afirmar que a insurgência iraquiana está agonizando - tal como repetiu na semana passada o vice-presidente Richard Cheney - reflete o "crescente desespero" do governo. O líder democrata disse que 2006 tem que marcar o início de um período de transição no Iraque e que o Governo Bush precisa estabelecer os critérios para que os iraquianos assumam as tarefas de segurança e "os soldados americanos possam retornar para casa". Vítimas Entre as vítimas do conflito bélico no Iraque estão soldados americanos "que são alvo de uma insurgência devido ao fracasso da liderança política e à falta de planejamento", afirmou. "Não queremos outra muralha com 55 mil nomes de valentes americanos que foram abandonados por seu Governo", disse Dean, em alusão ao monumento em homenagem aos soldados dos EUA que morreram na Guerra do Vietnã. A estratégia dos democratas é defender os Estados Unidos, mas "com dureza e inteligência", afirmou o presidente do Partido Democrata, que traçou um panorama desolador da situação de segurança no Iraque. "A corrupção e a fraude estão na ordem do dia enquanto a qualidade de vida não melhorou num país à beira de uma guerra civil", disse. Estratégia Para Dean, a estratégia democrata inclui diminuir a missão dos soldados servindo no Iraque, de modo que estes se dediquem a tarefas de capacitação, logística e atividades antiterroristas. O líder democrata defendeu a proposta de retirada paulatina das tropas americanas a partir do final deste ano, apesar de o Senado, com maioria republicana, ter rejeitado essa e outra medida similar na quinta-feira passada. Uma proposta pedia o início da retirada militar enquanto a outra, dos senadores John Kerry e Russ Feingold - ambos possíveis candidatos às eleições presidenciais de 2008 -, propunha a retirada total até julho de 2007. As duas medidas foram apresentadas dentro de um projeto de lei que autoriza a concessão de US$ 518 bilhões em programas de defesa para o ano fiscal 2007. Durante o debate, o senador republicano John McCain - veterano e prisioneiro de guerra durante o conflito no Vietnã - disse que as duas propostas só fomentariam a derrota da "intervenção no Iraque".

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