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Democratas resistem a dar amplos poderes a Bush

Por Agencia Estado
Atualização:

Parlamentares democratas ainda resistem à idéia de dar ao presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, todos os poderes para promover uma guerra contra o Iraque. Um republicano comentou que para conseguir a aprovação dos poderes para Bush será necessário um pouco de "toma lá, dá cá". "Eu ainda sou o cara mais difícil de ser convencido nessa cidade", disse o líder da maioria republicana na Câmara dos Representantes, Dick Armey. Democratas e republicanos prometeram ação imediata e amplo consenso sobre uma resolução que autorizaria o presidente a usar a força, se necessário, para eliminar as supostas armas de destruição em massa armazenadas pelo Iraque, e derrubar o regime liderado por Saddam Hussein. Mas encontrar as palavras adequadas para esta resolução vem se mostrando uma tarefa complicada. "Não posso crer que algum membro consciente do Congresso seja capaz de conceder uma autoridade tão ampla a qualquer presidente", disse o senador democrata Richard Durbin. Dois deputados democratas - Jim McDermott e David Bonoir - afirmaram que partirão amanhã para uma visita de fim de semana ao Iraque. O presidente George W. Bush diz estar confiante de que os democratas o apoiarão. "Creio que vocês verão, à medida que trabalharmos para conseguir do Congresso uma forte resolução, que muitos democratas assumirão a dianteira quando a questão for a manutenção da paz", disse. Nesta terça-feira, comissões de relações exteriores e de forças armadas apresentaram sugestões a líderes dos dois partidos, que negociam com funcionários da Casa Branca os termos da resolução. A Comissão de Relações Exteriores do Senado apresentou um documento formal deixando claro que a Organização das Nações Unidas (ONU) deve estar envolvida em operações para garantir a paz regional e a segurança. Armey, um dos poucos republicanos a manifestar publicamente dúvidas sobre uma guerra com o Iraque, diz ser normal o presidente ir atrás de uma "latitude máxima" na proposta original. Armey disse estar confiante em que as duas partes "sairão deste processo com um consenso muito amplo". Um ex-físico nuclear iraquiano que desertou em 1994 disse hoje, durante audiência da Câmara, não acreditar que o Iraque estaria procurando materiais nucleares no mercado negro, como se teme, para ganhar capacidade nuclear em poucos meses. "O programa do Iraque é mais sério", disse Khidhir Hamza ao subcomitê de Reforma Governamental da Câmara dos Representantes dos EUA. "A intenção é produzir um arsenal de armas nucleares, não apenas uma", num processo que demoraria de dois a três anos disse ele. A deputada democrata Janice Schakowsky questionou o painel sobre o motivo pelo qual o governo concentra-se apenas no Iraque e dá pouco ou nenhuma atenção a outras instalações nucleares inseguras no restante do planeta. "Ao concentrarmos nossos esforços no Iraque, fica mais difícil convencer o mundo de que esta é uma questão exclusiva de armas de destruição em massa, e não de política interna, petróleo ou vingança." Richard Durbin também perguntou se é a "estratégia da Casa Branca continuar debatendo indefinidamente e levar a discussão para tão perto da eleição e não ter de enfrentar a realidade de uma economia fraquejante".

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