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Democratas vencem na Geórgia e voltam a controlar Câmara e Senado após 6 anos

Partido leva duas vagas para senador pela Geórgia; controle do Congresso deve acelerar agenda de Biden

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - O Estado da Geórgia dará o controle do Congresso ao Partido Democrata ao eleger em segundo turno ao Senado o reverendo Raphael Warnock, de 51 anos, e o documentarista Jon Ossoff, de 33 anos, segundo apontavam várias projeções da imprensa americana nesta quarta-feira. O controle total do Parlamento volta aos democratas após seis anos. 

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Warnock, que é pastor na Igreja Batista Ebenezer – templo religioso que já foi dirigido por Martin Luther King –, venceu a senadora Kelly Loeffler, tornando-se o primeiro negro a ser eleito senador pelo Estado, que historicamente é um reduto conservador nos EUA. Desde 2000, a Geórgia não elegia um candidato democrata ao Senado – no ano passado, o Estado já havia dado a vitória ao candidato democrata à presidência, Joe Biden, o que não ocorria no Estado desde 1992.

A vitória de Warnock pode ser tratada como um símbolo de uma mudança marcante na política da Geórgia. Três grupos empurraram o Estado para os democratas. Resultados preliminares da votação da Edison Research mostram que eleitores mais jovens, hispânicos e negros – especialmente os eleitores negros do sexo masculino – apoiaram com mais intensidade os candidatos democratas ao Senado neste segundo turno do haviam feito em novembro, na primeira rodada.

Os candidatos democratas ao Senado pela Geórgia Jon Ossoff (E) e Raphael Warnock (C) em comício com o presidente eleito Joe Biden, em Atlanta Foto: Doug Mills/The New York Times

“Esta noite, mostramos que com esperança, trabalho árduo e pessoas ao nosso lado, tudo é possível”, disse Warnock a seus apoiadores em um discurso virtual transmitido por várias mídias. Sua oponente ainda não admitiu a derrota (mais informações abaixo nesta página).

Com a vitória dele e de Ossoff, os democratas vão assumir o controle do Senado – que tem maioria republicana hoje – o que facilitaria os dois primeiros anos de governo de Joe Biden, uma vez que seu partido já tem maioria na Câmara, presidida pela deputada Nancy Pelosi.

Diferentemente do que ocorre na Câmara, a vitória dos dois democratas na Geórgia não garante a maioria nominal do partido no Senado. Em número de representantes, as duas legendas ficariam empatadas, com 50 cadeiras cada. Em caso de empate em alguma votação, o voto decisivo seria da vice-presidente eleita, Kamala Harris. Pela legislação americana, o vice-presidente também ocupa o cargo de presidente do Senado.

Nesse cenário, Biden teria uma relação mais harmoniosa com o Legislativo, tirando do Partido Republicano a possibilidade de barrar qualquer nome indicado aos gabinetes da presidência. Ele também conseguiria aprovar projetos prioritários do governo que necessitem de uma maioria simples de votos.

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Denúncias sem provas

As falsas alegações de fraude eleitoral promovidas pelo presidente Donald Trump lançaram dúvidas sobre o segundo turno das eleições, realizadas após nenhum candidato atingir o limite de 50% na primeira rodada. 

Assim como aconteceu nas eleições presidenciais, o presidente acompanhou o processo de apuração em tempo real, comentando a evolução da contagem em suas redes sociais. Mais uma vez, Trump atacou a idoneidade do processo eleitoral americano, falando em uma “nova fraude” na Geórgia. “Aconteceu de encontrarem outras 4 mil cédulas de votação no condado de Fulton. Lá vamos nós”, escreveu o presidente no Twitter. A rede social marcou a publicação de Trump com um alerta, informando aos usuários que a afirmação não tinha como base em nenhuma evidência.

Trump levantou a hipótese de fraude eleitoral enquanto os votos estavam sendo contados e comparou os republicanos que comandam o sistema eleitoral da Geórgia a “galinhas com as cabeças cortadas” durante um comício hoje em Washington.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

No domingo, as acusações de fraude eleitoral do presidente voltaram ao noticiário após a revelação de uma ligação em que Trump pressiona o secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, a alterar o resultado da eleição presidencial no Estado. Na gravação, divulgada primeiramente pelo jornal Washington Post, Trump chega a citar o Condado de Fulton, afirmando que teve acesso a informações sobre manipulação de votos no local.

Em comício na Geórgia em apoio aos candidatos republicanos, Trump usou o palanque para mais uma vez expressar suas queixas sobre o resultado da eleição presidencial, atacando inclusive a transferência pacífica de poder. Em uma aparição em que deveria dar apoio às candidaturas de Perdue e Loeffler, acabou sendo transformada pelo presidente em uma “palestra cheia de teorias da conspiração, rumores, afirmações não comprovadas e ataques pessoais contra democratas, a mídia e funcionários republicanos da Geórgia”, como descreveu a imprensa americana. / EFE, NYT, WP e AP