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Deputado britânico sugere que David Kelly não se suicidou

Cientista foi encontrado morto em julho de 2003, numa floresta no sul do país

Por Agencia Estado
Atualização:

Um deputado que investigou a morte de David Kelly, o especialista em armas que acusou o governo do Reino Unido de manipular dados para justificar a Guerra do Iraque, afirma que o cientista não se suicidou, mas pode ter sido assassinado. Norman Baker, do Partido Liberal-Democrata (terceira força política britânica), expõe essa teoria em declarações ao programa "The Conspiracy Files" (Os Arquivos da Conspiração), que será exibido neste domingo pela rede pública BBC. Kelly, especialista em armas do Ministério da Defesa, morreu em 17 de julho de 2003, depois de seu nome ser divulgado como fonte de uma polêmica notícia da BBC que acusou o Executivo britânico de exagerar nas provas para justificar a invasão do Iraque. O cadáver de Kelly foi encontrado no dia seguinte em uma floresta próxima a sua casa em Oxfordshire (sul da Inglaterra), depois de sua família alertar a Polícia sobre o desaparecimento. A investigação oficial, dirigida pelo juiz Brian Hutton, concluiu em janeiro de 2004 que "o doutor Kelly tirou a própria vida", e eximiu o governo do primeiro-ministro Tony Blair, qualificando de infundadas as acusações feitas na notícia da BBC. Segundo o magistrado, "a principal causa da morte foi o sangramento provocado pela feridas incisivas no punho esquerdo que o doutor Kelly infligiu a si mesmo com uma faca achada perto de seu corpo". Baker, que examinou por sua conta durante um ano as circunstâncias da morte do cientista, põe em dúvida a versão do juiz Hutton. "Estou convencido de que não foi um suicídio. E, dito isto, se chega à conclusão de que outros tiraram sua vida", afirma o parlamentar, que recebeu a aprovação do líder liberal-democrata, Menzies Campbell, para averiguar o caso. Na opinião do deputado, os exames médicos "não apóiam de maneira nenhuma" a teoria do suicido, e também não se tratou de "um acidente" ou de um falecimento por "causas naturais". Baker qualifica as pesquisas de Hutton de "menos rigorosas" do que o habitual, e diz ter obtido cartas do legista Nicholas Gardiner, que abriu diligências após se encontrar o cadáver de Kelly, que demonstram divergências com os métodos da investigação oficial para determinar o motivo da morte do especialista. O parlamentar, no entanto, não acha que Blair ou o governo são "responsáveis" pela morte do cientista, mas considera que ambos trataram Kelly de maneira "vergonhosa" e "cruel" por vazar deliberadamente seu nome à imprensa.

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