Deputados árabes-israelenses desafiam lei e viajam à Síria

Membros do partido Balad afirmaram que não vêem a Síria como um país inimigo e buscam um processo de paz para o Oriente Médio

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Por Agencia Estado
Atualização:

Uma delegação do grupo de deputados árabes-israelenses da Knesset (Parlamento) viajou nesta sexta-feira à Síria, desafiando uma legislação que proíbe parlamentares israelenses de visitar países considerados inimigos. Em comunicado, o Partido Balad (Assembléia Nacional Democrática, árabe secular) explica que a visita é a "confirmação do direito dos árabes de Israel de manter-se em contato com as nações árabes". O deputado do Balad Jamal Zahalka explicou que ele e seus colegas de partido não vêem a Síria como um país inimigo, e que a iniciativa é um esforço para "buscar um processo de paz mais justo no Oriente Médio". A visita, que já estava prevista teve de ser suspensa pelo conflito no Líbano, quando o grupo de deputados árabe-israelense criticou sobretudo a atuação de Israel. O líder do partido ultradireitista "Yisrael Beiteinu" (Israel é a Nossa Casa), Avigdor Liberman, de origem russa, afirmou que "não há diferença entre a viagem do grupo árabe à Síria e um ato de espionagem contra Israel". O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, rejeitou ontem a hipótese de participar de reuniões de paz com a Síria em resposta a uma proposta do ministro russo de Assuntos Exteriores, Serguei Lavrov, que busca convocar uma conferência internacional para solucionar os problemas do Oriente Médio em conversas multilaterais. A Síria "continua sendo um país que ampara organizações terroristas que atuam contra Israel, e não se comportaria assim caso quisesse avanços no processo de paz", declarou Olmert. A recente guerra no Líbano dificultou as já delicadas relações entre a maioria judaica de Israel e a minoria árabe - pesquisas revelaram posições muito distintas em relação à disputa em ambas as comunidades e uma acentuação da desconfiança mútua. A viagem dos deputados árabes a Damasco viola uma lei aprovada pela Knesset depois dos atentados de 11 de setembro.

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