O Parlamento do Iraque teve uma reunião especial nesta sexta-feira, 13, em demonstração de desafio após uma explosão suicida no prédio. Os deputados disseram que o atentado os uniu em sua luta contra o terrorismo. Três funcionários da cafeteria, onde aconteceu a explosão, foram detidos, mas não acusados. Alguns guardas parlamentares também estão sendo investigados mas nenhum tinha sido preso. A explosão, que matou um legislador, foi a pior quebra da segurança da área mais vigiada de Bagdá - a Zona Verde, que abriga o Parlamento, escritórios do governo e a embaixada norte-americana. O complexo foi criado depois da invasão liderada pelos EUA, em 2003. Segundo testemunhas, a segurança foi fortalecida na região na sexta-feira. Todos os veículos e seus motoristas estavam sendo revistados, postos de controle móveis foram levantados e várias ruas bloqueadas enquanto a polícia investigava casas dentro do composto. O presidente do Parlamento, Mahmoud Mashhadani, abriu a sessão especial pedindo aos parlamentares que lessem versos do Corão devido à morte de Mohammed Awdh, membro da Fronte Nacional para o Diálogo Iraquiano, partido sunita que tem 11 assentos no Parlamento. "O martírio de Mohammed Awadh nos deu lições, a primeira é de unidade e que estejamos unidos contra o terrorismo", disse o político xiita Hadi al-Aamiry. "Isso é indiscutivelmente um golpe difícil, mas deve nos unificar para confrontarmos o demônio do terrorismo e isso prova que o terrorismo é indiscriminado - sunitas, xiitas, curdos e árabes foram mutilados neste ataque", disse à Reuters o vice-primeiro-ministro, Barham Saleh. Os militares dos EUA disseram de início que oito pessoas morreram e mais de 20 ficaram feridas na explosão do suicida, que passou por diversos postos de controle e explodiu-se entre legisladores que estavam almoçando na cafeteria. Mas eles revisaram o número nesta sexta-feira e disseram que uma pessoa morreu e 20 ficaram feridas. Washington e alguns políticos iraquianos rejeitaram as sugestões de que o ataque representa um fracasso na ação de segurança em Bagdá, que os EUA e o Iraque estão fazendo há dois meses para evitar uma guerra civil total. "O objetivo destas operações é mandar uma mensagem de que o governo não é capaz de proteger-se. ", disse o legislador xiita Hasan al-Shimmari. Procedimentos de segurança Mas autoridades iraquianas admitem que será necessária uma revisão dos procedimentos de segurança no Parlamento. Há alegações persistentes de que o homem-bomba teve ajuda de dentro. "Assim como o aparato de segurança faz seus planos, os criminosos fazem os seus próprios planos e eles devem ter ajudantes por aí também", disse à Reuters o porta-voz do Ministério do Interior, brigadeiro-general Abdul-Kareem Khalaf. Os explosivos teriam que passar por um posto de controle fora do prédio e outros dentro do complexo, manejados por empresas de segurança e tropas estrangeiras que fazem parte da coalizão liderada pelos EUA. A revisão dos procedimentos de segurança provavelmente atingirão os passes especiais concedidos a algumas pessoas importantes e seus agentes pessoas, que entram sem serem revistados. A entrada no centro de conferências é permitida apenas a funcionários do Parlamento, legisladores, guardas e jornalistas. O acesso à cafeteria é restrito a legisladores, policiais e funcionários da cozinha. Raramente militantes conseguiram fazer ataques dentro da Zona Verde, mas as áreas ao redor vêm sofrendo cada vez mais ataques com foguetes e morteiros nas últimas semanas. Relações com vizinhos O presidente do Parlamento iraquiano, Mahmoud al-Mashadani, pediu nesta sexta-feira, 13, aos países vizinhos do Iraque que não interfiram nos assuntos internos do país. Mashadani criticou a Turquia, cujo comandante das Forças Armadas, Yasar Büyükanit, disse que era necessária uma operação contra posições de rebeldes curdos no norte do Iraque. "Não permitiremos a ninguém que interfira em nossos assuntos. Queremos enfatizar a nossos irmãos do Parlamento do Curdistão iraquiano que cortaremos a mão de quem se intrometer em nossos assuntos, se não for hoje, será amanhã", afirmou Mashdani. O responsável iraquiano reiterou que não deixará que nenhum Estado, "seja irmão ou amigo", interfira nas questões nacionais.