12 de agosto de 2013 | 16h31
As prévias das eleições legislativas argentinas mostraram um aumento na insatisfação do eleitorado com o governo da presidente Cristina Kirchner e enfraqueceram o projeto de setores do kirchnerismo que defende um terceiro mandato para a presidente. Foi a pior derrota eleitoral do kirchnerismo na última década.
A Frente Para a Vitória, sublegenda kirchnerista do peronismo, teve 26% dos votos, uma queda sensível em relação aos 54% obtidos na última eleição legislativa, em 2011. Os votos das legendas da fragmentada oposição argentina somaram 74%.
Os partidos da oposição capitalizaram a irritação popular existente com os escândalos de corrupção do governo, a crescente inflação e o aumento da criminalidade. O principal campo de batalha foi a província de Buenos Aires, onde o candidato escolhido a dedo pela presidente Cristina Kirchner, o prefeito de Lomas de Zamora, Martín Insaurralde, conseguiu 29,5% dos votos. Seu principal rival, o ex-chefe do gabinete de ministros da presidente Cristina, Sergio Massa, obteve 34,9%. Massa distanciou-se do governo em 2012 e neste ano passou às fileiras do peronismo dissidente. A totalidade da oposição no território bonaerense conseguiu 70,5%.
O governo Kirchner venceu nas províncias pobres do norte do país, como Formosa e o Chaco, além de Salta e Tucumán. No entanto, a oposição foi vitoriosa em Santa Fé, Mendoza e Córdoba, além de Santa Cruz, feudo dos Kirchners. "A Frente pela Vitória (sublegenda peronista controlada pelo kirchnerismo) é a primeira minoria só por causa da total atomização da oposição", afirmou o analista político Rosendo Fraga.
A derrota do governo abre a discussão sobre a sucessão presidencial de Cristina Kirchner, cujo mandato concluirá em 2015. Os planos de modificação da carta magna, com a intenção de permitir à presidente a possibilidade de uma segunda reeleição foram a pique com a derrota de ontem. O resultado das primárias reforça a posição de vários potenciais presidenciáveis argentinos, entre os quais o prefeito portenho Maurício Macri; o governador de Córdoba José Manuel de la Sota; o governador de Santa Fé Hermes Binner, além do próprio Massa. A derrota de Cristina - caso confirmada em outubro nas eleições parlamentares, abrir o caminho do governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, um kirchnerista "diet" que o governo aceitaria como virtual candidato à sucessão em caso extremo.
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