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Descoberto depósito milionário de Pinochet em Hong Kong

Governo chileno foi notificado de depósito de ouro em nome do ex-ditador

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo chileno recebeu informações de que o ex-ditador Augusto Pinochet tem depositado em um banco de Hong Kong nove toneladas de ouro avaliadas em US$ 160 milhões, revelou nesta quarta-feira o chanceler Alejandro Foxley. O gerente de assuntos exteriores do Hong Kong & Shangai Banking, Gareth Hewett, onde estariam depositadas as toneladas de ouro em nome de Pinochet, afirmou por telefone ao jornal El Mercurio que não podia "nem confirmar nem desmentir" a informação. Já Foxley confirmou que seu ministério recebeu documentos sobre a descoberta e os colocou à disposição do Conselho de Defesa do Estado e da Justiça, que investiga o ex-governante por corrupção, além de violações dos direitos humanos. "Nós recebemos essa informação por intermédio de nossas missões diplomáticas no exterior alguns dias atrás", disse o ministro Foxley. Sendo confirmada a informação, acrescentou, será pedido o "congelamento das contas respectivas e tomaremos as medidas judiciais correspondentes". O diário La Nación e El Mercurio publicaram nesta quarta-feira que existiam mais de 1.000 lingotes de ouro depositados em nome de Pinochet no banco de Hong Kong. Um porta-voz de Pinochet, o general da reserva Guillermo Garín, disse não dispor de nenhuma informação referente ao suposto depósito em ouro em nome do ex-ditador no banco HSBC em Hong Kong. "Essa notícia me faz rir. Nunca ouvi falar disso antes. Portanto, nunca falei disso com ele (Pinochet)", disse Garín em conversa por telefone com a Associated Press. "Não tenho dúvidas de que essa informação é infundada", concluiu. Aliança de casamento Pablo Rodríguez, advogado-chefe da equipe de defesa de Pinochet, qualificou a notícia como "falsa". Segundo ele, "o único ouro que Pinochet tem está em sua aliança de casamento". E prosseguiu: "Ele não possui nenhum grama de ouro em nenhum banco. E se aparecer um mínimo grama de ouro, serei o primeiro a renunciar como seu advogado". O advogado sugeriu ainda que o governo fez a revelação com o objetivo de lançar "uma cortina de fumaça para desviar a atenção" de uma investigação de possível corrupção na secretaria governamental de promoção de eventos esportivos. A descoberta faz parte de uma investigação sobre a fortuna guardada por Pinochet no exterior. O inquérito foi aberto em 2004, quando uma comissão do Senado dos Estados Unidos revelou que o ex-ditador de 90 anos de idade possuía milhões de dólares em um banco americano. A partir de então começaram a surgir informações sobre fortunas depositadas por Pinochet em diversos bancos no exterior. Até o surgimento da notícia sobre os depósitos em ouro, estimava-se que Pinochet havia acumulado o equivalente a US$ 28 milhões em contas bancárias no exterior. Ele teria usado inclusive passaportes falsificados para abrir algumas dessas contas. Pinochet, que governou o Chile com mão de ferro entre 1973 e 1990, é acusado de evasão de divisas e sonegação de impostos. Suas contas estão congeladas a pedido da justiça chilena. Juan González, o juiz que conduz o caso, confirmou o recebimento das informações sobre o ouro. Segundo ele, o processo está paralisado na Corte de Apelações de Santiago porque o advogado de defesa do ex-ditador pediu a substituição do magistrado. Fontes legítimas Rodríguez e outras pessoas próximas de Pinochet insistem que os US$ 28 milhões vêm de fontes legítimas e teria sido fruto de poupança, doações e investimentos. Pinochet também é acusado de abusos dos direitos humanos durante seu regime. Sua imunidade como ex-presidente foi suspensa em outros dois processos, abrindo caminho para novas acusações. Até o momento, porém, nenhum dos processos atingiu a fase de deliberação da sentença, já que os tribunais retiraram algumas acusações com base na situação de saúde do ex-ditador. Pinochet sofre de demência moderada resultante de diversos derrames. Ele também tem diabetes, artrite e usa um marca-passo. Texto ampliado às 20h25

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