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Descontente, governadora de Hong Kong segue no cargo por pressão da China

Se mantiver Lam, Pequim corre risco dos protestos se agravarem; se removê-la, pode sofrer derrota estratégica

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Por Redação
Atualização:

PEQUIM - A China enfrenta um dilema sobre Hong Kong. Enfraquecida após meses de protestos de ativistas pró-democracia, a governadora Carrie Lam pretende deixar o cargo, mas tem sido pressionada a continuar pelo governo chinês. Se mantiver Lam, Pequim corre o risco dos protestos se agravarem. Se removê-la, pode dar aos manifestantes uma vitória estratégica.

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Nos bastidores, assessores do governo autônomo de Hong Kong tem dito que Lam, representante da burocracia britânica no território, não pretende seguir no comando da ilha. À imprensa, ela disse estar “emocionalmente abalada”, mas sem intenções de renunciar. 

“Ela está muito frustrada, mas também muito resoluta. Sabe que tem um trabalho a fazer, recomendado por Pequim, e pretende cumprilo”, disse Ronny Tong, um assessor de Lam. 

Esta foi a primeira vez que uma arma de fogo foi disparada desde que os protestos começaram Foto: Lam Yik Fei / The New York Times

Observadores da crise em Hong Kong ligados à China acreditam numa reforma do gabinete assim que os protestos diminuirem. “Com as coisas mais calmas, pode haver mudanças”, disse Lau Siu-kai, da Associação Chinesa de Estudos sobre Macau e Hong Kong. “Mas por enquanto Pequim vê qualquer mudança como sinal de fraqueza, além de um incentivo a novos protestos.”

Os protestos em Hong Kong começaram pacíficos e evoluíram nas últimas semanas para confrontos violentos com a polícia. Eles contestam uma lei de extradição de moradores de Hong Kong para a China, onde o sistema judiciário é menos transparente que o do ex-território britânico.

Uma das demandas dos manifestantes é a renúncia de Lam, que se tornou um alvo dos protestos. Numa gravação vazada para jornalistas na semana passada, Lam diz que pretendia deixar o cargo. 

A China, no entanto, é o principal obstáculo para que isso ocorra. Cabe a Pequim definir quais os candidatos nas eleições locais, e o Partido Comunista Chinês costuma vetar algumas candidaturas de candidatos pró-democracia.

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Desde que Hong Kong saiu do controle britânico para o chinês em 1997, o controle do território tem sido alternado entre dois partidos: um mais ligado à burocracia britânica e outro à China continental. Lam pertence ao primeiro.

Em consequência disso, a facção pró-China tende a adotar uma linha mais dura contra protestos. A discussão, dizem fontes do governo autônomo, não é simples. Desde a devolução, todos os governadores do território enfrentaram problemas políticos. 

Pequim tem bancado Lam e expressado publicamente seu apoio. O favorito para ser o próximo governador, no entanto, deve ser Paul Chan, o responsável pelas finanças da ilha. / NYT

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