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Descuido antecipa operação antiterror da polícia britânica

Chefe de agência se demite após exibir lista de suspeitos da Al-Qaeda que planejavam atentado

Por The Guardian e LONDRES
Atualização:

A polícia britânica afirmou ontem ter desbaratado um amplo complô da Al-Qaeda para lançar ataques a alvos dentro da Grã-Bretanha durante o feriado da Páscoa. A operação foi antecipada depois que um paparazzo flagrou, diante da residência do premiê, um documento ultrassecreto na mão do chefe da polícia britânica antiterror, Bob Quick, que listava os envolvidos no plano de ataque. Logo após a divulgação da imagem, 12 suspeitos foram detidos em 15 batidas policiais no noroeste da Grã-Bretanha. Sob pressão por causa da gafe, Quick anunciou sua demissão. O chefe da polícia de Manchester, Peter Fahy, disse que 11 dos 12 detidos são paquistaneses. Segundo documento fotografado, dez dos suspeitos tinham visto de estudante. Autoridades policiais que pediram anonimato confirmaram ao jornal britânico The Guardian que o ataque era "iminente" - agendado para, no máximo, segunda-feira - e "ligado à Al-Qaeda". Os alvos dos militantes, porém, não eram conhecidos. A imprensa local chegou a divulgar que o ataque seria contra boates e centros comerciais, mas a informação foi desmentida por fontes policiais. O primeiro-ministro Gordon Brown afirmou que o complô "era muito grande" e revelou que os investigadores agora examinam as relações dos suspeitos com militantes localizados em território paquistanês. "Sabemos que há laços entre terroristas na Grã-Bretanha e no Paquistão. Devemos acompanhar isso de perto", disse. Estudantes da Universidade John Moores, de Liverpool, relataram que um jovem foi preso pela polícia próximo do campus da instituição. "Quando olhei, vi um homem deitado no chão", disse o aluno Daniel Taylor. "Policiais gritavam com ele e um deles tinha uma coisa que parecia uma metralhadora apontada contra a cabeça do suspeito." Em Cedar Grove, também na região de Liverpool, três suspeitos foram presos. Em Earle Road, a polícia deteve outro membro da lista de Quick após montar um cerco a um prédio residencial. Dois funcionários de uma empresa de segurança foram presos em uma megaoperação em Lancashire, que envolveu mais de cem policiais. O chefe da polícia de Manchester admitiu que a operação foi antecipada por conta do vazamento do relatório de Quick por um paparazzo. Mas o policial disse que, de qualquer forma, a "caçada teria sido levada a cabo nas próximas 24 horas". Mesmo assim, Quick viu-se obrigado a deixar a chefia da polícia antiterror, que assumiu há um ano. Quando foi flagrado com o documento confidencial, o policial descia do carro para informar Brown sobre sua investigação. RESSALVA Gordon Brown Premiê britânico "(Quick) pediu desculpas pelo que fez e está muito preocupado. Mas devemos lembrar que a operação da polícia contra o complô terrorista foi um sucesso"

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