Desestabilização ameaça controle alauita do Exército

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Por William Maclean/Reuters
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O Exército da Síria, pilar vital do poder do presidente Bashar Assad, mostra poucos sinais das sérias cisões e deserções que a oposição enxerga entre os soldados, apesar do desgaste provocado pela repressão militar aos levantes. Mas enquanto os tanques formam a ponta de lança da ofensiva contra a cidade de Hama, Assad deve se indagar se os soldados mais leais e bem armados estão em número suficiente para atuar em vários locais ao mesmo tempo caso surja a necessidade. "Estão ocorrendo algumas deserções, mas nada comparável à massa crítica que poderia indicar o início de um motim de grandes proporções entre os soldados sunitas", disse Andrew Terrill, professor e pesquisador de Assuntos de Segurança Nacional do War College, nos EUA. A seita alauita, da qual Assad faz parte, controla a cúpula das Forças Armadas. A massa dos soldados é composta por muçulmanos sunitas. A maioria dos manifestantes que foram alvo das manobras militares também é sunita. Segundo Firas Abi Ali, analista da Exclusive Analysis, a coesão do Exército sírio é bastante sólida em termos da possibilidade de deserções, mas o problema são os números. "Se não houver unidades leais em número suficiente para tomar Hama, não haverá unidades leais em número suficiente para tomar cidades maiores como Homs, Alepo e Damasco", disse ele. "Não acho que o Exército conte com um número suficiente destas unidades a ponto de conseguir promover uma repressão de grandes proporções contra várias cidades ao mesmo tempo." Outros exilados sírios e especialistas em segurança, no entanto, dizem que o número de deserções observado até o momento é pequeno demais para indicar divisões. "Não é fácil criar cisões dentro do Exército sírio", disse à Reuters o ex-oficial das forças sírias de segurança Samer Afndi. "A estrutura de comando é formada por camadas, como uma boneca russa. Em certas unidades, sunitas e alauitas são intercalados no alto escalão de comando para impedir todas as tentativas de subversão."Ainda de acordo com os especialistas, está igualmente claro que as unidades mais leais do Exército - compostas principalmente por alauitas e comandadas pelo irmão de Assad, Maher - não podem se multiplicar. A distribuição do Exército em pontos diversos indica que os chefes militares são obrigados a usar unidades sunitas em certas áreas, nas quais soldados poderiam ser executados por desobediência. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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