Desistência de brasileiros no Líbano irrita Itamaraty

Na última viagem, realizada na terça-feira da semana passada, a lista de interessados tinha 236 pessoas, mas só 147 embarcaram

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Por Agencia Estado
Atualização:

O consulado do Brasil no Líbano está irritado com os brasileiros que pedem para ser retirados e depois acabam não viajando. Na última viagem, realizada na terça-feira da semana passada, a lista de interessados tinha 236 pessoas, mas só 147 embarcaram. Na primeira viagem, 212 pessoas viajaram de uma lista de 400, e, na segunda, foram 147 passageiros de um total registrado de 262. O cônsul-geral no Líbano, Michael Gepp, chegou a planejar uma viagem para o Vale do Bekaa, com a intenção de evitar que o problema voltasse a ocorrer nas viagens programadas para esta quarta-feira. Gepp, no entanto, teve que desistir porque a viagem de Beirute ao Vale é muito perigosa. O cônsul seria acompanhado pelo chefe do departamento de comunidade de brasileiros no exterior do Itamaraty, Manuel Antônio Gomes Pereira, que chegou na segunda-feira ao Líbano. O cônsul admitiu que não há muito o que se possa fazer para forçar os brasileiros a serem mais rigorosos com seus planos de viagem, mas afirmou que sua intenção é fazer com eles entendam que o trabalho de retirada é muito difícil e depende de cooperação. De acordo com o comerciante Khaled Haimur, um dos líderes informais que fazem a ligação entre a comunidade brasileira no Bekaa, a lista de viagem desta quarta tem 130 pessoas. Mas ele teme que o comparecimento seja baixo novamente. "Sempre que se começa a falar em cessar-fogo, o pessoal hesita em viajar e depois, quando a situação piora, fica com medo de novo", diz. "A verdade é que a parte oeste do Vale do Bekaa (onde há mais brasileiros) ainda não foi muito atacada e as pessoas resistem muito em deixar suas casas." Khaled Haimur também não vê o que possa ser feito para organizar melhor a viagem dos brasileiros que estão no Bekaa. "O problema é que muita gente não é sincera conosco quando diz que quer viajar. Muita gente quer só ficar preparada para o caso de a situação piorar", diz. Haimur observa também que muitas dessas pessoas têm ligações profundas com o Líbano - mais do que com o Brasil, apesar de terem um passaporte brasileiro - e ficam com medo de deixar o país. "Tem muita gente que não tem dinheiro mesmo. E se chegar ao Brasil e não conhecer ninguém, vai fazer o quê?", pergunta. "As pessoas tem medo de não conseguir voltar para cá depois da guerra", explica. include $_SERVER["DOCUMENT_ROOT"]."/ext/selos/bbc.inc"; ?>

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