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Desorganizado, Fórum Social termina sem Chávez

Por Agencia Estado
Atualização:

O VI Fórum Social Mundial (FSM) terminou neste domingo em Caracas sem discurso do presidente venezuelano, Hugo Chávez, que estava no programa. O caos que caracterizou a organização do Fórum Social Mundial também chegou ao último dia, com todos esperando a presença de Chávez, que na sexta-feira passada proclamou "socialismo ou morte" em um discurso no encontro, diante de 15.000 pessoas. O programa dos três últimos dias do fórum anunciava sua participação no encerramento: "29 de janeiro, às 3 da tarde, diálogo da Assembléia Mundial dos Movimentos Sociais com o presidente Hugo Chávez". O ato, aberto ao público e à imprensa, deveria acontecer na sala Ríos Reyna do teatro Teresa Carreño, mas ninguém nesse lugar nem em meios oficiais confirmou a presença do presidente venezuelano. Uma hora depois do momento anunciado para comparecer ao fórum, o líder da Revolução Bolivariana ainda permanecia em seu habitual programa dominical "Alô Presidente", enquanto a imprensa e milhares de presentes ao evento perguntavam sobre sua presença no ato de encerramento. Segundo disseram à agência de notícias EFE fontes do Fórum, Chávez recebeu finalmente um pequeno grupo de dirigentes da Assembléia Mundial de Movimentos Sociais na sede do Governo, mas fez isso a portas fechadas e sem acesso à imprensa. "O Fórum Social não é isto". A falta de organização no dia do encerramento foi parecida com o que caracterizou os seis dias anteriores em que o FSM se reuniu em Caracas. Ao longo do encontro, foram várias as conferências suspensas ou que aconteceram em lugar diferente do anunciado. Em frente ao Hotel Caracas Hilton, coração do Fórum Social, o brasileiro Oded Grajew, um dos fundadores do movimento, explicou claramente aos jornalistas: "O Fórum Social não é isto". Grajew atribuiu os problemas ao comitê organizador nacional, e confessou que ele mesmo sofreu com as mudanças de horários e lugares, ainda em conferências das quais devia participar. À margem do caos na organização, os movimentos sociais do Fórum concluíram neste Domingo suas deliberações e emitiram um documento no qual consta seu "calendário de protestos" para este ano. As primeiras grandes manifestações foram anunciadas para 18 de março, data para a qual se convocou todos os ativistas para uma "jornada de mobilização internacional contra a ocupação do Iraque". Também em relação à guerra no Iraque, os ativistas foram chamados a participar de uma conferência contra a hegemonia dos Estados Unidos e a ocupação que será realizada no Cairo de 24 a 27 de março. Além disso, houve o pedido para o movimento contra a globalização ficar "alerta" diante do desenvolvimento das negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) e convocou para o protesto em reunião que esse órgão realizará em maio, em Genebra. A seguinte reunião dos críticos à globalização será em julho, na cidade russa de São Petersburgo, durante uma reunião do Grupo dos Oito (G8). O último protesto antiglobalização do ano foi anunciado para setembro e será contra o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM). O Fórum Social Mundial, que este ano aconteceu em Caracas e em Bamaco, capital de Mali, terá uma terceira edição no Paquistão em março. No próximo ano, acontecerá a sétima edição do Fórum, pela primeira vez totalmente na África, na capital do Quênia, Nairóbi, em janeiro de 2007.

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