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Destroços têm sinais de míssil terra-ar

A partir de fotos tiradas próximo ao local da queda de avião, empresa americana conclui que foi usada arma supersônica

Por C.J. CHIVERS
Atualização:

Um pedaço dos destroços do Boeing 777 da Malaysia Airlines, derrubado no leste da Ucrânia na semana passada, traz as marcas de pequenos estilhaços que aparentemente provocaram sua queda durante o voo. Atingido por essas perfurações e por uma onda de choque enquanto voava sobre a zona de conflito, o avião provavelmente se partiu ao meio.Os destroços, fotografados por dois repórteres do New York Times em um campo a vários quilômetros de onde se encontrava a maior concentração de pedaços do Boeing, sugere que a destruição foi causada por um míssil supersônico que, segundo as evidências, explodiu próximo do jato que voava a 10 quilômetros de altitude, segundo análise da IHS Jane's, empresa de consultoria de Defesa. Os danos, como os buracos provocados pelos estilhaços e as bolhas da pintura sobre um painel da parte externa do avião, são consistentes com os efeitos de uma ogiva de fragmentação transportada por um míssil SA-11, conhecido na Rússia como Buk, que segundo as autoridades americanas provocou a derrubada do avião.É impossível, a partir das fotos, determinar o modelo específico de míssil utilizado. Mas o SA-11 pertence a uma classe de armas que transportam uma ogiva de fragmentação com um dispositivo que detecta a distância do alvo e detona a bomba. "As perfurações visíveis combinam com um objeto externo que penetrou no interior do avião, considerando o aspecto do alumínio na borda da maioria das perfurações, bem como as bolhas da tinta ao redor de alguns furos", escreveu ao NYT Reed Foster, analista da IHS Jane's. Foster observou também que os danos provocados pelos estilhaços são diferentes dos que ocorrem na explosão da turbina de um avião, que causaria "cortes mais longos, mais finos e oblíquos em toda a superfície da aeronave". Suas observações combinam com o perfil dos mísseis antiaéreos terra-ar, destinados a destruir aviões militares em alta velocidade e a grandes altitudes. Em vez de atingir um avião diretamente, seguem uma rota destinada a interceptar o avião e explodir embaixo dele, provocando uma nuvem de estilhaços. Segundo Foster, os mísseis atuam "mais como uma espingarda de caça do que um rifle". "O objetivo é fazer penetrar na fuselagem o maior numero possível de fragmentos de baixa resistência e de tamanhos parecidos", escreveu ela. O SA-11 é grande e de longo alcance. A maior parte do peso corresponde ao combustível necessário para impulsionar a arma a velocidades supersônicas e proporcionar-lhe altitude e alcance. Mas atrás da antena e do sistema de direção de cada míssil há uma ogiva com cerca de 21 quilos de explosivo potente. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

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