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Detento de Guantánamo é condenado por tribunal militar dos EUA

Omar Khadr, preso aos 15 anos, foi sentenciado a 40 anos, mas deve cumprir pena de mais oito anos.

Por BBC Brasil
Atualização:

Khadr tinha 15 anos quando foi capturado Um tribunal militar americano condenou neste domingo o último ocidental mantido preso pelos Estados Unidos no centro de detenção da Baía de Guantánamo, em Cuba. O canadense Omar Khadr foi sentenciado a 40 anos de prisão, após admitir culpa por cinco crimes de guerra, incluindo assassinato, terrorismo e conspiração com a Al-Qaeda. Mas, em decorrência de um acordo que ele fez com os promotores, deve cumprir pena de oito anos de prisão. Khadr, 24, que tinha 15 anos quando foi capturado pelas forças militares americanas no Afeganistão, em 2002, é também o mais jovem preso em Guantánamo e a primeira pessoa, desde a Segunda Guerra Mundial, a ser julgada por um tribunal militar americano por atos cometidos antes da maioridade. O prisioneiro admitiu na semana passada ter atirado uma granada que matou um soldado americano durante um combate no Afeganistão. O advogado de Khadr disse que a decisão do tribunal não foi justa, alegando que seu cliente era um soldado-mirim forçado a lutar por sua família quando foi capturado. Os promotores alegaram que, apesar de pouca idade, o réu era um militante treinado da Al-Qaeda. O tribunal, formado por sete militares, demorou quase nove horas para decidir a pena de Khadr, que poderá ser enviado ao Canadá daqui a um ano para cumprir ali o resto de sua pena. Este é o primeiro julgamento no local desde a posse do presidente Barack Obama, em janeiro de 2009. O presidente não cumpriu a promessa de campanha de fechar o campo de detenção instalado na base americana em Cuba até janeiro deste ano. Tortura A enviada especial da ONU para crianças em conflitos armados, Radhika Coomaraswamy, havia afirmado que o julgamento de Khadr tinha legalidade questionável e havia pedido que os Estados Unidos não prosseguissem com o processo. Khadr, nascido em Toronto, inicialmente negara a acusação de ter matado um sargento americano e alegara ter assinado uma confissão do crime após ter sido torturado. Porém os promotores do caso dizem que, segundo agentes de inteligência do FBI e da Marinha americana, Khadr teria feito as declarações de livre e espontânea vontade. O Canadá se negou a intervir no caso, apesar de um parecer emitido pela Suprema Corte do país de que os direitos de Khadr foram violados quando agentes canadenses o interrogaram na base de Guantánamo. A promessa de Obama de fechar o centro de detenção em Cuba não foi cumprida por conta de uma série de disputas judiciais e políticas. Em dezembro de 2009, o presidente havia ordenado que um centro de detenção no Estado de Illinois se preparasse para receber os prisioneiros de Guantánamo, mas o Congresso americano ainda não aprovou o financiamento para a transferência. Mais de 170 homens ainda estão presos no centro de detenção, que já chegou a abrigar cerca de 770 prisioneiros. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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