Dez anos após renúncia, Gorbachev critica Yeltsin

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Por Agencia Estado
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O ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev criticou seu sucessor numa entrevista para TV que foi ao ar hoje, chamando Boris Yeltsin de "homem estranho, cheio de artimanhas" e mesmo acusando-o de ter grampeado seu telefone. A inimizade entre os dois rivais é bem conhecida e, dez anos após sua renúncia, Gorbachev continua ácido em suas reclamações sobre Yeltsin, que se tornou o presidente da Rússia. "Enquanto Yeltsin estava no poder, ele tentou controlar tudo que eu fazia", disse ele a British Broadcasting Corp. "Meus telefones foram grampeados, os governadores receberam ordens para não se encontrarem comigo e eu fui banido de aparecer na televisão", acrescentou. "Ele sempre disse que era contra a idéia de privilégios, mas os czares russos não tinham os privilégios que Yeltsin desfrutava", afirmou o arquiteto da Perestroika. "Yeltsin é um homem estranho, cheio de artimanhas, um mentiroso. Não se pode confiar nele." Gorbachev renunciou como presidente no Natal de 1991 e sua saída trouxe o fim da União Soviética. Ele revelou que Yeltsin escolheu seu sucessor, presidente Vladimir Putin, a dedo, já que Putin o ajudou a trazer estabilidade à conturbarda Rússia. "Putin é claramente um político maduro e talentoso. Ele é cuidadoso e sabe ouvir", disse Gorbachev. "Às vezes eu e ele nos encontramos para discutir diferentes assuntos." O ex-líder voltou a chamar sua renúncia de "o dia mais dramático da minha vida". "Naquele dia eu tinha que me manter calmo, mas por dentro eu estava muito emocionado." Veja o especial A agonia da URSS, que reúne as principais notícias do ano em que o império soviético se desmanchou no ar

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