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Diário da Dinamarca foi primeiro a publicar caricaturas

Em 2005,desenhos do Profeta Maomé no jornal 'Jyllands-Posten' iniciou furor no mundo islâmico e ataque a alvos europeus

Por COPENHAGUE
Atualização:

O ataque ao jornal satírico francês Charlie Hebdo retoma uma polêmica iniciada em 2005, quando o diário dinamarquês Jyllands-Posten publicou em sua primeira página 12 caricaturas do Profeta Maomé. Os desenhos despertaram a fúria em países islâmicos e em parte das comunidades muçulmanas na Europa. Solidárias ao jornal dinamarquês, publicações de 50 países estamparam desenhos do Profeta.A decisão do Jyllands-Posten iniciou uma crise política internacional. Milhões saíram às ruas em países de maioria muçulmana e estima-se que 100 pessoas tenham morrido em distúrbios. Uma bomba foi colocada na embaixada de Copenhague no Paquistão e missões diplomáticas europeias foram incendiadas no Líbano, Síria e Irã. Na Faixa de Gaza, bandeiras de países do Ocidente foram queimadas.O então primeiro-ministro da Dinamarca, Anders Fogh Rasmussen - hoje secretário-geral da Otan -, qualificou o episódio de "a pior crise internacional" para o país escandinavo "desde a Segunda Guerra". Qualquer tipo de representação do Profeta é considerada uma forma de "blasfêmia", de acordo com as leis corânicas. O jornal dinamarquês justificou a decisão de publicar os desenhos do Profeta Maomé com o argumento da liberdade de expressão: outras religiões são alvo frequente de cartunistas - mesmo as que proíbem a representação de figuras sagradas, como o judaísmo - e não haveria motivo para se autocensurar diante do Islã.Do outro lado, comunidades muçulmanas na Europa e nos EUA denunciaram o que seria mais uma forma de atacar a minoria religiosa, alvo cada vez mais frequente da extrema direita. As caricaturas do Profeta, acusaram, demonstrariam como a islamofobia está enraizada no Ocidente.

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