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Dilma repudia atos de radicais muçulmanos e islamofobia

Em cúpula entre países sul-americanos e árabes, presidente ainda condena violência na Síria e critica ameaças contra o Irã

Por Lisandra Paraguassu e LIMA
Atualização:

A presidente Dilma Rousseff criticou ontem, em seu discurso na abertura da 3.ª Cúpula América do Sul-Países Árabes, a recente onda de violência nos países do Oriente Médio e os ataques a representações diplomáticas dos EUA e da Alemanha. A brasileira condenou manifestações de islamofobia, como o filme Inocência dos Muçulmanos, que causou protestos em diversos países, e afirmou que o Brasil também é contra a violência em nome do Islã. "Repudiamos todas as formas de intolerância religiosa e, diante dos acontecimentos das últimas semanas, reafirmamos nossa condenação veemente de todas as manifestações de islamofobia. Com a mesma veemência afirmamos também nosso repúdio aos atos recentes de violência e terrorismo que foram praticados contra os EUA, a Alemanha e outros países", afirmou. Dilma voltou a condenar a violência na Síria, defendeu o reconhecimento do Estado palestino e criticou as ameaças recentes contra o Irã. Os novos movimentos democráticos do mundo árabe, com eleições livres no Egito e na Tunísia, foram elogiados pela presidente. "Nós na América do Sul vivemos em um passado recente processos semelhantes de luta pela democracia política e pela inclusão social. Algumas das situações no mundo árabe nos causaram muita preocupação. A violência generalizada na Síria, por exemplo, é motivo de profunda tristeza para o Brasil", disse Dilma, lembrando da comunidade árabe do País. Mais uma vez, a presidente acusou o governo da Síria de ser o principal responsável pela violência no conflito no país, mas também afirmou que a oposição ao ditador Bashar Assad, "armada por estrangeiros", tem sua parcela de culpa. "Estamos conscientes de que a maior responsabilidade recai sobre o governo de Damasco e as vítimas são mulheres, crianças e jovens. Sabemos também da responsabilidade das oposições armadas crescentemente com apoio militar e logístico estrangeiro", afirmou. A presidente voltou a defender que a solução para a paz na região deve ser encontrada pelos próprios países, destacando que Iraque e Líbia teriam tido seus problemas agravados por intervenções externas. A fala da presidente, no entanto, revelou um contraste com o que é defendido pela Liga Árabe, apesar de o Itamaraty sempre defender uma coordenação direta com a entidade internacional. Durante seu discurso, imediatamente anterior ao de Dilma, o secretário-geral da liga, Nabil al-Araby, afirmou que os árabes têm poucas esperanças de uma solução negociada para o conflito sírio e, menos ainda, têm confiança no sucesso da missão da Nações Unidas liderada pelo argelino Lakhdar Brahimi. "Não se encontrou uma solução política. O resultado dessa crise pode ser catastrófico não apenas para a Síria."

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