Dinamarqueses abandonam a Indonésia

Houve rumores de um ataque terrorista a instalações diplomáticas. Nas ruas, milhares de manifestantes pediram rompimento de relações do governo indonésio com a Dinamarca

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Por Agencia Estado
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Temendo represálias em razão da publicação das 12 caricaturas do profeta Maomé, dezenas de dinamarqueses, incluindo diplomatas, abandonaram neste domingo a Indonésia - país com maior população islâmica do mundo. "Lamentamos a decisão do corpo diplomático dinamarquês", disse o chanceler indonésio, Hassan Wirajuda. "Havíamos montado um esquema de segurança adequado para eles." Cerca de 200 policiais fortemente armados patrulhavam a sede da representação diplomática dinamarquesa e seus arredores em Jacarta. Wirajuda acrescentou que o embaixador dinamarquês Niels Erik Anderson e o funcionários da embaixada haviam sido levados a um local absolutamente seguro. "Eles nos disseram que tinham recebidos ameaças telefônicas, mas não pudemos confirmar isso", disse o chanceler. Ataque No início da semana, o Ministério de Relações Exteriores da Dinamarca aconselhou os cidadãos dinamarqueses a deixarem imediatamente o território indonésio. E, no sábado, enviou o mesmo alerta ao pessoal da embaixada. "Recomendados que saiam temporariamente da sede da embaixada. Há informações concretas de que um grupo terrorista vai atacar dinamarqueses nesse país em protesto contra a divulgação das charges", alertou, em comunicado, a chancelaria dinamarquesa. Sem entrar em detalhes, o documento ressalta que a ameaça se restringia naquele momento à região oriental de Java, podendo alastrar-se a outras áreas. Os interesses da Dinamarca serão atendidos provisoriamente pela Embaixada da Holanda na capital indonésia. Mais protestos Novas manifestações de irados muçulmanos ocorreram em várias cidades indonésias. Na maior concentração, cerca de 10 mil pessoas reuniram-se na cidade de Sumedang, 170 quilômetros ao sul de Jacarta, para pedir o rompimento de relações com a Dinamarca. As polêmicas charges do profeta foram divulgadas pela primeira vez em setembro de 2005 por um jornal dinamarquês e, recentemente, republicadas por uma parte da imprensa européia, que noticiou a polêmica. A publicação resultou numa onda de protestos que se alastrou rapidamente pelo mundo muçulmano. Houve ataques a interesses ocidentais e sedes de embaixadas, principalmente da Dinamarca, França e Grã-Bretanha. Na repressão policial, 15 morreram e dezenas ficaram feridas. Diante desse quadro, os Estados Unidos acusaram a Síria, Irã e grupos extremistas, como a rede Al-Qaeda de Osama bin Laden, de estimularem e até organizarem as manifestações de protestos nos países islâmicos.

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