Diplomacia não pára violência; homem-bomba mata 11 em Israel

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Por Agencia Estado
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Um atacante suicida provocou uma forte explosão na noite deste sábado num café a menos de 100 metros da residência oficial do primeiro-ministro Ariel Sharon. Segundo a polícia, "cerca de 11 pessoas" morreram em mais um dia de violência generalizada no Oriente Médio. O atacante entrou no café "Moment" e detonou explosivos, disse o chefe de polícia de Jerusalém, Mickey Levy. Sharon não estava na residência murada no luxuoso bairro de Rehavia. "Houve uma tremenda explosão, pareceu atômica", disse um cliente do café, que se identificou como Eran. "Havia fumaça para todos os lados e um cheiro acre de pólvora. As pessoas gritavam. Nunca vi nada parecido em minha vida". Paramédicos informaram sobre 54 feridos. Os intensos esforços internacionais não foram suficientes para amenizar hoje a violência no Oriente Médio. Calçada A explosão no café ocorreu duas horas depois que dois militantes palestinos lançaram granadas e dispararam fuzis contra pessoas que passavam por uma calçada ou estavam dentro de um hotel na cidade costeira israelense de Netanya, ferindo mais de 30 pessoas. Os dois atacantes foram mortos pela polícia. Um terceiro homem também foi morto a tiros e a polícia acreditou que tratava-se de um terceiro atacante palestino. Posteriormente foi confirmado que o homem era cidadão israelense. As Brigadas Al Aqsa, milícia vinculada ao grupo Fatah, do líder palestino Yasser Arafat, assumiu responsabilidade pelos dois atentados. O grupo militante islâmico Hamas também se responsabilizou pelo ataque em Jerusalém. Numa série de ações militares que se estenderam por todo o dia, Israel promoveu quatro ataques aéreos na Cisjordânia e Faixa de Gaza, demoliu casas com tratores e matou a tiros dois palestinos, incluindo uma menina de 15 anos, em campos de refugiados na Cisjordânia. 500 presos As Forças de Defesa de Israel também detiveram estimados 500 palestinos para interrogatório no campo de refugiados de Tulkarem, Cisjordânia. Foi o segundo dia seguido de detenções em massa em Tulkarem, que provocaram revolta generalizada entre palestinos. A cidade fica dentro da Cisjordânia, a cerca de 15 km do hotel onde houve o ataque de hoje. Nos dois dias, tropas israelenses ordenaram com alto-falantes que todos os homens de 16 a 40 anos se apresentassem para interrogatório numa escola local. Os homens andavam de mãos sobre a cabeça nas poeirentas ruas do local, enquanto soldados israelenses apontavam fuzis para eles. Na sexta-feira foram 250 os detidos, que depois foram levados para uma base do Exército para interrogatório. Cerca de 50 palestinos faziam parte de uma lista de procurados por Israel, segundo o Exército. Mísseis As Forças de Defesa afirmaram que numa busca pelo campo também foram encontrados 10 mísseis Qassam, que teriam alcance para atingir cidades israelenses próximas. Em campos de refugiados de Belém, logo ao sul de Jerusalém, a menina de 15 anos e um policial palestino foram mortos por disparos de soldados israelenses. Na Faixa de Gaza, um carro levando israelenses foi atacado a tiros por palestinos. Dois israelenses saíram do carro e responderam ao fogo. Um jeep do Exército de Israel chegou ao local e atropelou intencionalmente um dos israelenses, acreditando que se trata-se de um atirador palestino, segundo fontes militares. O israelense morreu. Israel afirma que a ofensiva militar visa a erradicar militantes e apreender armas depois de uma recente onda de ataques contra israelenses. Mas palestinos afirmam que soldados de Israel frequentemente atiram indiscriminadamente, matando civis e destruindo casas que não têm relação com os confrontos. Diplomacia Em meio à escalada de violência, a União Européia (UE) e os EUA concordaram em pedir ao primeiro-ministro Sharon que suspenda a ofensiva militar nos territórios da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, afirmou o chanceler da Holanda, Hans Janssen. Falando em nome da UE, Janssen disse que europeus e norte-americanos estão preparando uma iniciativa diplomática para fazer com que Sharon ponha em prática um imediato cessar-fogo e as duas partes voltem à mesa de negociações. A intenção é levar neste domingo a questão ao líder israelense, antes da chegada na segunda-feira à região do enviado especial dos EUA, general Anthony Zinni. Não houve reação imediata de Israel e os altos funcionários da Autoridade Palestina (AP) disseram não estar a par dos detalhes. Sharon declarou esta semana que iria "bater" nos palestinos até que os grupos armados e os atacantes suicidas parassem de atacar os israelenses e implorassem por paz. No entanto, a escalada do conflito levou o governo norte-americano a rever os planos de só enviar Zinni de volta à região depois que houvesse "tranqüilidade". Enviado dos EUA Na sexta-feira, um dia depois de o presidente dos EUA, George W. Bush, ter anunciado que mandaria Zinni ao Oriente Médio, Sharon surpreendentemente abandonou sua exigência de que haja sete dias de calma absoluta para discutir um cessar-fogo. "A iniciativa conjunta (americano-européia) deixará claro que essa violência tem de acabar imediatamente, que a intervenção militar do governo israelense não leva a nada, apenas a uma espiral de ação e reação sem fim", comentou Janssen. "É claro que a atividade terrorista de palestinos também terá de cessar imediatamente."

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