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Diplomacia tenta aliviar tensão na Venezuela

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, se reúne na quinta-feira com o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, em Nova York, depois de assistir, na véspera à posse do novo presidente equatoriano, Lucio Gutiérrez, em Quito. Ainda na capital equatoriana, líderes de vários países da região, dos EUA e da União Européia - sob a coordenação da diplomacia brasileira - devem reunir-se para formar um "grupo de países amigos" para ajudar a solucionar o impasse na Venezuela. Fontes diplomáticas assinalaram hoje que o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, deve ressaltar aos países do grupo de apoio que a iniciativa se destinará a reforçar, e não a esvaziar, o papel de mediação da Organização dos Estados Americanos (OEA). Fontes do governo americano, em Washington, indicaram que - após a resistência inicial ao protagonismo brasileiro na crise - um dos principais objetivos do grupo deve ser deixar claro tanto à oposição quanto ao governo venezuelano que não devem ter nenhuma expectativa de apoio às posições que defendem. Assim, o grupo de amigos deve centrar seus esforços na viabilidade de um processo político, sempre coordenado pela OEA, para pacificar o país. Em outras palavras, os países envolvidos se disporiam a utilizar seus canais para convencer as duas partes a fazerem concessões para que a Venezuela retome sua produção econômica e se alivie a tensão política. Só então, com ânimos menos acirrados, os venezuelanos iriam às urnas para decidirem se Chávez deve ser removido ou não da presidência. De acordo com a Constituição venezuelana, o referendo revogatório pode ser convocado a partir de agosto. Embora ainda não tenha explicitado sua posição sobre o tema, o Itamaraty também tem dado sinais de trabalhar com a tese de que a convocação de eleições antecipadas - defendida pela oposição venezuelana, apesar de não estar contemplada na Constituição do país - é a pior alternativa para a resolução do impasse político na Venezuela. Muitos funcionários do Departamento de Estado, em Washington, concordam com a visão de que emendar a Constituição para realizar eleições em meio ao clima de tensão que reina na Venezuela não favoreceria uma solução política duradoura. Países como Argentina, Colômbia, Peru e Chile devem integrar o grupo, assim como os EUA e, possivelmente, Portugal e Espanha. Marco Aurélio Garcia, que foi enviado especial de Lula à Venezuela em dezembro, ressaltou hoje que nem o Brasil nem o grupo de países a ser formado assumirá a mediação da crise na Venezuela, que continuará a cargo do secretário-geral da OEA, César Gaviria. "Temos sim tomado iniciativas, mas todas foram consensuais", declarou. "Estamos consultando todas as partes para que o grupo de amigos seja realmente de amigos, e não um grupo de trapalhões." A greve geral convocada pela oposição venezuelana entrou hoje na sexta semana, com novos confrontos. Pelo menos duas pessoas ficaram feridas na Praça Bolívar, centro de Caracas, quando simpatizantes do governo atacaram com pedras dirigentes do partido social-cristão Copei, que depositavam flores no monumento do herói da independência venezuelana Simón Bolívar. Soldados da Guarda Nacional dispersaram o grupo de chavistas com o lançamento de bombas de gás lacrimogêneo e disparos de balas de borracha. Veja galeria de fotos

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