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Diplomatas da missão líbia na ONU anunciam deserção

Eles dizem que não obedecem mais a Kadafi, mas representarão o povo da Líbia na Organização

Atualização:

Muamar Kadafi já não é mais, na prática, representado na ONU e perdeu grande parte de seu corpo diplomático pelo mundo. Ontem, a missão da Líbia na ONU, em Genebra, anunciou sua deserção em massa, enquanto outros faziam um chamado para que todos os diplomatas líbios servindo no exterior deixassem de obedecer ordens de Trípoli. Diplomatas líbios na Unesco também anunciaram a decisão de não mais representar Kadafi. Os embaixadores líbios em Londres, Paris e diversas outras capitais também anunciaram suas demissões. As embaixadas da Líbia na China, Índia, Jordânia, Austrália, Indonésia, Portugal, Bangladesh e em diversos outros países também deixaram de responder às ordens de Kadafi. A iniciativa dos diplomatas ocorre depois que uma série de militares, procuradores e até representantes da Líbia na ONU em Nova York terem tomado o mesmo caminho durante a semana. "Decidimos categoricamente representar o povo líbio em sua totalidade na ONU (não o governo Kadafi)", explicou o diplomata líbio, Adel Shaltut, em Genebra. A decisão foi tomada pelos diplomatas depois que o chefe da missão líbia na ONU sofreu um ataque cardíaco por causa da tensão sobre o destino da família dele em Trípoli. "O poder do povo é invencível. A luta épica que tivemos contra a invasão fascista há cem anos se repete hoje. Os jovens do país estão, com sangue, escrevendo uma nova história da resistência", disse Shaltut. "Gloria para sempre aos mártires da revolução. Vitória aos heróis da Líbia."A decisão dos diplomatas foi recebida com aplausos e emoção na sala da ONU em que justamente se discutia condenações contra Kadafi e a suspensão da Líbia do Conselho de Direitos Humanos.Emocionado, o diplomata citou um trecho do Alcorão para alertar ao governo que "aqueles que morreram em nome de Deus não estão mortos".A pedido dos líbios, todos os diplomatas da ONU fizeram um minuto de silêncio pelas vítimas nos protestos. Imediatamente, a embaixada americana ofereceu ajuda aos diplomatas desertores.

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