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Direita e esquerda da França têm programas parecidos

Por Agencia Estado
Atualização:

O primeiro-ministro francês e candidato socialista à presidência da república , Lionel Jospin, divulgou, nesta segunda-feira, seu programa político num fascículo de 40 páginas, com tiragem de 8 milhões de exemplares. "Eu me comprometo", é o título pouco original do plano do chefe do governo, que apresenta fortes semelhanças com o de seu principal adversário, o presidente Jacques Chirac. Este lançara o seu dias atrás, denominando-o "Meu compromisso com a França". Uma nova pesquisa Sofres divulgada nesta segunda indica a vitória apertada de Lionel Jospin, que reuniria 50,05% dos votos, contra 49,50% de Jacques Chirac. Mesmo que Lionel Jospin tenha insistido nesta segunda em afirmar que se trata de um projeto socialista, os analistas resumem seu programa como social-democrata, centrista, com aspectos acentuadamente liberais. Entre as medidas, uma delas chama atenção. O candidato promete que até 2007 não mais haverá nenhum indivíduo sem domicilio fixo, nas ruas de Paris e de outros grandes centros urbanos do país. Os dois candidatos, por exemplo, abordam o tema da insegurança, que terá um lugar central nessa atual campanha eleitoral, propondo medidas parecidas, entre elas, a criação de um Ministério da Segurança Pública e um Alto Conselho de Segurança para lutar contra o aumento da criminalidade no país. Os dois prometem um crescimento econômico da ordem de 3% nos próximos cinco anos. Os analistas tiveram trabalho para detectar as principais diferenças entre os programas desses candidatos à presidência francesa que representam forças de centro-esquerda e centro-direita. Ambos falam também de uma lei de programação que objetiva dar maiores meios à ação da Justiça. A única e grande diferença, nessa área, é que Chirac defende uma Justiça sob a autoridade do ministro da Justiça, isto é, do Poder Executivo, enquanto Jospin busca colocar a carreira de magistrado ao abrigo de toda intervenção de ordem política. Entre as diferenças programáticas mais marcantes, pinçadas nos dois projetos, constata-se a forte oposição em matéria fiscal. Jacques Chirac promete uma redução de um terço do imposto sobre a renda (a faixa mais elevada chega a 54% na França), enquanto Jospin só admite uma redução progressiva de 10%. Em compensação, o primeiro-ministro preconiza a redução de 50% da taxa da habitação, tido como o imposto mais arcaico e injusto da França. Jospin define suas propostas feitas para uma França "ativa, segura, justa, moderna e forte". Outra medida prevista pelo primeiro-ministro é a cobrança do imposto sobre a renda na fonte, o que prevalece na maior parte dos países ocidentais, mas ainda não na França. Os dois candidatos defendem a harmonização fiscal européia, notadamente para a cobrança do imposto sobre as sociedades. No plano social, a principal medida proposta por Jospin é a redução do desemprego, 900 mil até 2007. Jospin cita como uma diferença importante a manutenção do nível atual das aposentadorias, enquanto Chirac preconiza sua substituição pelo sistema de Fundos de Pensão. No capitulo das instituições, os dois pretendentes defendem uma reforma do estatuto penal do presidente, para que ele possa prestar contas à Justiça. Jacques Chirac passa rapidamente pelo tema, deixando de indicar os caminhos, enquanto Lionel Jospin deseja que o presidente da República possa prestar contas à Justiça por fatos cometidos anteriormente a sua entrada em função ou exteriores à sua função. O primeiro-ministro promete também introduzir uma parte de escrutínio proporcional nas eleições legislativas e defende o direito de voto dos estrangeiros nos pleitos locais.

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