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Diretor-gerente do FMI vai declarar inocência, afirma advogado

Strauss-Kahn deve ser colocado diante de um juiz hoje; FMI permanece 'totalmente ativo'

Por Gustavo Chacra e Reuters
Atualização:

NOVA YORK/WASHINGTON - O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, vai se declarar inocente da acusação de abuso sexual a uma camareira de um hotel em Nova York, disse seu advogado, Benjamin Brafman, em um e-mail à Reuters neste domingo, 15. 

 

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Promotores da cidade de Nova York acusaram a autoridade máxima do FMI de crime sexual por um suposto ataque contra uma camareira, informou a polícia. Strauss-Kahn deve ser colocado diante de um juiz no final deste domingo.

 

No avião. Strauss-Kahn estava detido na noite de ontem em uma unidade da polícia de Nova York. A prisão ocorreu às 16h45 em Nova York (17h45 de Brasília). O comandante do voo da Air France já havia anunciado o fechamento das portas do avião quando recebeu a ordem para parar. Oficiais de justiça americanos entraram no avião e, diante de todos os passageiros, prenderam o homem mais poderoso do FMI. "Ele será questionado sobre a sua conexão com o ataque sexual contra uma camareira em um hotel no início da tarde", disse o porta-voz da polícia, Paul Browne.

 

Um dos mais respeitados economistas da França, Strauss-Kahn entrou para a política nos anos 1980. Além de deputado, exerceu o cargo de ministro das Finanças durante o governo do premiê Lionel Jospin até 1999. No FMI desde 2007, ganhou notoriedade internacional, apesar de ter sido criticado por não ter antecipado a crise financeira que eclodiu no ano seguinte.

 

Neste período, o diretor do FMI foi acusado de ter mantido relações com uma de suas assessoras, Piroska Nagy, húngara, economista e funcionária do FMI. Na época, ele disse que lamentava muito o incidente e aceitava a responsabilidade por isso. "Pedi desculpas por isso ao Conselho, à equipe do FMI e à minha família."

 

Hoje, Strauss-Kahn se reuniria com a chanceler da Alemanha, Ângela Merkel, para discutir questões ligadas à crise econômica de países europeus como Grécia e Portugal. O diretor do FMI também participaria de encontro, em Bruxelas, com autoridades europeias.

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FMI. O Fundo Monetário Internacional informou hoje que permanece "totalmente ativo e operacional". Em seu primeiro comunicado desde a prisão de Strauss-Kahn, o FMI disse que não tinha comentários a fazer sobre a prisão e que todas as questões sobre o assunto deveriam ser endereçadas ao advogado de Strauss-Kahn e a autoridades locais.

 

França. O Governo da França pediu que se respeite a presunção de inocência do diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional. O porta-voz do Governo, François Baroin, indicou à emissora "France 2" que o Executivo francês "respeita dois princípios simples: o devido processo legal sob a autoridade da Justiça americana, segundo as modalidades do direito americano, e o do respeito à presunção de inocência".

 

Baroin é a primeira pessoa do Governo francês que se pronuncia sobre a prisão do economista e político de 62 anos, à frente do FMI desde 2007. "É preciso ter uma prudência extraordinária na forma, na análise, nos comentários e nas consequências", acrescentou o porta-voz, indicando que o dirigente do FMI terá a oportunidade de declarar sua versão dos fatos quando comparecer à Justiça.

 

Strauss-Kahn foi indiciado por tentativa de estupro, ato sexual criminoso e retenção ilegal, após ser preso dentro de um avião, quando viajaria a Paris, por ter supostamente atacado sexualmente uma camareira de um hotel de Nova York.

 

PERFIL:

Dominique Strauss-Kahn, DIRETOR-GERENTE DO FMIDirigente esteve no Brasil em março e encontrou-se com Dilma

 

O francês Dominique Strauss-Kahn assumiu o comando do Fundo Monetário Internacional (FMI) em novembro de 2007, para mandato de cinco anos. Indicado pela União Europeia, recebeu na época apoio público dos EUA, Brasil, Argentina, Chile e Índia. Em março, visitou o País e reuniu-se com a presidente Dilma Rousseff, a quem manifestou preocupação com o sobreaquecimento da economia brasileira.

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De 1997 a 1999, foi ministro de Finanças da França e responsável pela redução do déficit público para que o país adotasse o euro como moeda. Renunciou ao cargo após ser alvo de investigação em escândalo de corrupção. A Justiça o absolveu, argumentando que ele havia alterado documentos, mas que isso não configurava falsificação.

 

Strauss-Kahn nasceu em Paris em 1949 e passou parte da infância no Marrocos. É doutor em Economia e formado em Direito, Administração de Empresas, Ciência Política e Estatística. Casado com a jornalista francesa Anne Sinclair, tem 3 filhos.

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