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Discreto e eficiente, rebelde fundou grupo em 64

''Tirofijo'' partiu para a clandestinidade após ofensiva do Exército contra enclave comunista

Por AP
Atualização:

Pedro Antonio Marín, mais conhecido como ''Manuel Marulanda Vélez'' ou ''Tirofijo'' (tiro certeiro, em espanhol) fundou as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em 1964, depois que o Exército colombiano desfechou uma grande operação para desmantelar a ''República de Marquetalia'' - um enclave rural no centro do país mantido por grupos armados de ideologia próxima ao comunismo agrário. Assim como Marquetalia, outros enclaves se formaram na Colômbia durante o período conhecido como ''La Violencia'', de 1948 a 1958 - quando os dois principais partidos do país, o Conservador e o Liberal, formaram milícias e se envolveram em sangrentos confrontos armados. Com a trégua entre as duas forças, os militares decidiram pôr fim aos redutos comunistas, obrigando Tirofijo e seus aliados comunistas a se refugiarem nas montanhas. Até 1966, as Farc eram conhecidas apenas pelo nome de ''Bloco Sul''. Para muitos analistas, o carisma que levou Tirofijo à máxima liderança da guerrilha decorria da capacidade de conciliar posições entre a ala política e o braço militar do ''secretariado'' (a instância administrativa) das Farc. Sob sua chefia, a guerrilha se fortaleceu e, entre o fim da década de 70 e início da de 80, seu contingente era estimado em até 15 mil homens, espalhado por todas as partes da Colômbia e ameaçando o poder central. Entre 1982 e 1986, o então presidente colombiano, Belisario Betancourt, promoveu uma ampla negociação de paz que terminou por incluir os guerrilheiros das Farc no cenário político legal do país, ao lado de outros grupos de esquerda, sob a legenda da União Patriótica (UP). Durante esse período de negociação, Tirofijo manteve, ao mesmo tempo, a influência sobre os comandantes da guerrilha e a conduta pessoal discreta. A UP e a trégua na política colombiana acabou com a campanha de assassinatos - por parte de paramilitares - que custou a vida de um número estimado de 3 mil membros do partido. Marulanda ordenou o reagrupamento das Farc, que iniciaram ofensivas maciças em todo o interior da Colômbia, tomando cidades e vilas inteiras, seqüestrando e matando líderes políticos locais. Uma nova tentativa de paz surgiu em 2001, quando o presidente Andrés Pastrana ordenou a desmilitarização de uma área equivalente à da França no sudoeste do país para servir de sede para negociações com as Farc. Nesse período, Tirofijo fez a maior parte de suas raras aparições públicas. No entanto, a iniciativa fracassou com a guerrilha acusada pelo governo de usar a região desmilitarizada como cativeiro para seus reféns e base para suas operações de narcotráfico - tidas por muitos como a real fonte de financiamento das Farc.

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