Um discurso marcado por críticas às políticas dos Estados Unidos dominou os quatro dias do encontro do Foro de São Paulo - grupo formado por partidos de esquerda latino-americanos, entre eles o PT - e se refletiu também no documento final da reunião, que terminou nesta sexta-feira, em Buenos Aires, Argentina. "Rejeitamos o processo de militarização na América Latina e, especialmente, os Planos Colômbia e Mérida (México), peças com as quais o imperialismo norte-americano pretende garantir sua fragilizada e impopular hegemonia na América Latina", diz a declaração final do encontro, divulgada nesta sexta-feira. No documento, os membros do Foro sugerem ainda que os países da América Latina adotem uma política conjunta para combater o tráfico de drogas e a criminalidade, sem, no entanto, entrarem em detalhes sobre a proposta. Em relação à situação política da Colômbia, dominada há décadas por um conflito entre governo e guerrilhas de esquerda, os membros do Foro defendem uma saída "negociada", com mediação internacional e, entre outras medidas, a "liberação imediata dos que foram privados de liberdade devido ao conflito político". Nos primeiros dias do encontro, representantes colombianos haviam afirmado que pediriam uma referência no documento final à "libertação dos reféns" das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) para a retomada das negociações no país. Esquerda A declaração final do Foro foi lida pelo secretário-executivo do grupo e membro do Diretório Nacional do PT, Valter Pomar. O texto traz ainda uma declaração de "solidariedade à Revolução Cubana". Durante a leitura do documento, todas as referências a Cuba e ao líder Fidel Castro foram bastante aplaudidas pelos participantes. Segundo a organização, participaram do encontro 600 inscritos, de 54 partidos e 33 países. No entanto, somente nesta sexta-feira, na hora da leitura e votação de cada parágrafo do documento final, a sala estava cheia, incluindo participantes em pé. A reunião foi marcada pela preocupação dos organizadores em destacar que o Foro não tem ligação com as Farc. "Repetirei como um mantra. O Foro não teve e não tem ligação com as Farc", disse Pomar. O encontro foi marcado também pela ausência de alguns setores da esquerda. No caso do Brasil, compareceram o PT, o PCB e o PC do B, mas o PPS, que integra o Foro e faz parte da chapa que apoia o candidato tucano à Presidência, José Serra, não mandou representante, assim como o PSOL. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.