Discurso centrista favoreceu Sharon nas primárias do Likud

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Por Agencia Estado
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O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, venceu com facilidade as eleições primárias de seu partido, o direitista Likud, derrotando o chanceler Binyamin Bibi Netanyahu, ao apresentar uma proposta centrista, tática que pode ajudá-lo nas eleições gerais de 28 de janeiro contra o pacifista Amram Mitzna, do Partido Trabalhista. A vitória de Sharon ocorreu num dia de violência contra israelenses, que deixou nove mortos - seis num ataque palestino a um diretório do Likud, no norte de Israel, e três num atentado suicida a bomba no Quênia. Dois mísseis não acertaram por pouco um avião de passageiros israelense em Mombasa. Sharon fez um breve discurso para partidários em Tel Aviv na manhã de hoje, mas disse que não havia motivos para comemoração. Ele acusou terroristas palestinos de tentarem influenciar as eleições israelenses e prometeu caçar os atacantes quenianos. "A campanha mundial contra o terror tem de se tornar verdadeira, tangível e sem compromissos, visando todas as organizações terroristas e aqueles que lhes dão abrigo em todos os lugares, todo o tempo", afirmou Sharon num discurso que começou com um minuto de silêncio em respeito aos mortos. "Nosso longo braço alcançará aqueles que realizaram os ataques terroristas. Ninguém será perdoado." Sharon derrotou o ministro do Exterior, Benjamin Netanyahu, por uma margem menor do que os 20 pontos porcentuais previstos nas pesquisas. O porta-voz do Likud, Shmuel Dahan, anunciou que Sharon obteve 55,88% dos votos, ante 40,08% de Netanyahu. Um desafiante menos conhecido, Moshe Feiglin, nascido nos Estados Unidos, ficou com 3,46%. Dos 300 mil filiados ao Likud, 46% compareceram à votação. Discurso ameno Netanyahu telefonou para Sharon para parabenizá-lo e convocou os membros do partido a trabalharem unidos. "Temos de garantir que o próximo governo tenha o poder para derrotar o terror", disse. O êxito do primeiro-ministro interino é apontado como conseqüência do tom de reconciliação que ele deu à sua campanha, ao contrário do agressivo discurso do adversário. Netanyahu prometia, se eleito, deportar o líder palestino Yasser Arafat e vetar a criação de um Estado palestino. Comentaristas israelenses criticaram Sharon por ter convocado uma entrevista coletiva em Tel Aviv logo depois dos ataques de quinta-feira, tendo ao seu lado o ministro da Defesa Shaul Mofaz e altos oficiais. No diário Yediot Ahronot, o comentarista Nahum Barnea escreveu que Sharon "demonstrou falta de vergonha ao explorar os ataques terroristas para objetivos políticos internos". O jornal Maariv acusou Sharon de usar a máquina do Estado para tentar e conseguir que mais filiados do Likud fossem às urnas votar nele. Sharon irá enfrentar nas eleições de 28 de janeiro o novo líder trabalhista, o prefeito de Haifa, Mitzna. A eleição foi convocada antecipadamente após os trabalhistas terem abandonado o governo de "unidade nacional", no mês passado, por divergência sobre o financiamento público para assentamentos judaicos na Cisjordânia e Faixa de Gaza. Parlamento Pesquisas mostram que Sharon tem grandes chances de manter o cargo. O público israelense tem apoiado posições mais duras durante os dois anos de confrontos israelense-palestinos. Uma pesquisa publicada hoje no jornal Haaretz mostra que o Likud pode conquistar 41 cadeiras no Parlamento, mais do que o dobro de sua representação atual. Os trabalhistas ficariam com 20. O líder do partido que conseguir formar uma maioria no Parlamento de 120 lugares será o primeiro-ministro. Não foi divulgada a margem de erro. Enquanto a sondagem mostrava que os partidos direitistas tendem a ganhar mais cadeiras, ela também descobriu um forte apoio à proposta de Mitzna de retirada da Faixa de Gaza e o desmantelamento de alguns assentamentos judaicos em territórios que os palestinos querem para seu futuro Estado. Cerca de 47% dos entrevistados são a favor de uma retirada unilateral da Faixa de Gaza e 54% disseram que apóiam o desmantelamento dos assentamentos, caso o dinheiro que seria investido neles seja gasto em projetos dentro de Israel. Um assessor do líder palestino Yasser Arafat disse não fazer diferença quem seja eleito. "O que estamos interessados é num primeiro-ministro israelense que esteja comprometido com o processo de paz, que esteja pronto para voltar à mesa de negociação, afirmou Nabil Abu Rdeneh.

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