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Disputa entre Brasil e Chile sobre exportação de açúcar pode parar na OMC

Por Agencia Estado
Atualização:

A negociação entre o Chile e o Brasil sobre o comércio de açúcar poderá acabar na Organização Mundial do Comércio (OMC). Os chilenos ofereceram uma cota de 10 mil toneladas por ano para que o Brasil exporte açúcar sem pagar imposto de importação. O que exceder essa quantia será tarifado em 98%. Só no ano passado, o Brasil vendeu 54 mil toneladas do produto para aquele país. De acordo com o chefe da área econômica do Itamaraty, embaixador José Alfredo Graça Lima, o tribunal de Genebra será acionado caso os chilenos não façam uma proposta satisfatória.A oferta que decepcionou o governo foi feita pelo filho do presidente chileno, Ricardo Lagos Filho. "A proposta é constrangedora, porque o Chile não é um país de práticas protecionistas", disse Graça Lima. A média das tarifas de importação chilena é mais baixa do que a do Mercosul, o que levou aquele país a adiar sua entrada no bloco e optar por negociar com os Estados Unidos, no fim do ano passado. O Brasil pediu compensações em forma de redução de tarifas para as exportações de ônibus e caminhões. Isso é o que prevê a OMC. De acordo com as normas daquela instituição, se uma país tiver de aumentar tarifas para proteger um determinado setor, tem de oferecer compensações aos seus sócios comerciais, para manter o nível de comércio, mesmo que seja em outros setores. O governo chileno ficou de estudar o pedido do Brasil e apresentar uma resposta até o dia 31 de julho. Segundo o chefe da área econômica do Itamaraty, embaixador José Alfredo Graça Lima, apesar de a idéia de baixar as tarifas para o setor automotivo não agradar os produtores de açúcar, o Brasil terá de exigir seus direitos de compensação em outras áreas, porque os chilenos não estavam dispostos a oferecer nem mesmo as 10 mil toneladas, queriam oferecer apenas 7 mil e chegaram ao limite de 10 mil depois de muita discussão. "Eles têm uma cota de 50 mil toneladas par distribuir entre os seus exportadores". Os principais fornecedores de açúcar para o Chile são Argentina, Brasil e Guatemala. A Argentina deverá receber uma cota maior, já que no ano passado exportou 75 mil toneladas. A Associação Brasileira dos Exportadores de Açúcar acusa o Chile de tentar beneficiar as importações de açúcar europeu, que recebe pesados subsídios. Isso porque a Iansa, empresa que controla a produção do açúcar chileno, feito de beterraba, como na Europa, é uma companhia espanhola controlada por um grupo francês. "Não sabemos se eles estão comprando açúcar da Europa, o que eles dizem é que querem proteger os produtores internos", disse o embaixador. O Chile consome 240 mil toneladas de açúcar por ano, mas produz apenas dois terços desse total.

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