Disputa entre xiitas dificulta fim de impasse no Iraque

Formação de um governo de unidade nacional é considerada essencial pelos Estados Unidos para a estabilização do Iraque

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Por Agencia Estado
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Uma disputa entre dois poderosos clãs pela liderança dos muçulmanos xiitas do Iraque dificultou nesta terça-feira a busca pela solução de um impasse sobre a escolha do primeiro-ministro do país árabe, tema que tem bloqueado a formação de um governo de unidade nacional. Também hoje, mais 47 mortes atribuídas à persistente violência foram confirmadas no país. Na disputa entre os xiitas, nenhum lado mostrava sinal de acordo, mantendo o impasse nas negociações quatro meses depois das eleições gerais que resultaram na escolha de um Parlamento. A formação de um governo de unidade nacional é considerada essencial pelos Estados Unidos para a estabilização do Iraque e para a diminuição do número de soldados americanos no país árabe. Líderes das minorias curda e árabe sunita rejeitam a indicação da Aliança Unida Iraquiana (xiita), que pretende manter no poder o primeiro-ministro interino Ibrahim al-Jaafari. Curdos e sunitas responsabilizam Jaafari pela intensificação da violência sectária no Iraque e exigem que os xiitas apresentem um novo nome antes de aceitarem participar de um novo governo. Jaafari tem se recusado a ceder à pressão das minorias curda e sunita e conta com o apoio de seu partido e do clérigo radical Muqtada al-Sadr, que liderou dois vitoriosos levantes xiitas contra o Exército americano nos últimos anos. Nos bastidores, porém, a candidatura de Jaafari tem sido contestada pelo clã de Abdul Aziz al-Hakim, líder do Conselho Supremo para a Revolução Islâmica no Iraque (CSRII). As famílias de Sadr e Hakim lutam há décadas pela liderança dos árabes xiitas iraquianos. Negociadores xiitas deverão voltar a se reunir amanhã, mas não existe nenhum indício de que uma solução para o impasse seria iminente. Simpatizantes de Jaafari, deliberadamente apoiado por Sadr, querem garantias de que o candidato não será substituído pelo vice-presidente Adil Abdul-Mahdi nem por nenhum político apoiado pelo clã Hakim. Violência Enquanto isso, 23 pessoas morreram em episódios de violência registrados em diversas partes do Iraque nas últimas 24 horas, inclusive mais três soldados americanos. A detonação de um carro-bomba matou cinco pessoas e mais três perderam a vida na explosão de um microônibus em dois ataques contra bairros xiitas de Bagdá, informou a polícia local. Autoridades iraquianas também encontraram 24 corpos espalhados por diversas partes do país. A maioria dos cadáveres foi encontrada em Bagdá. Não era possível determinar com exatidão quando essas pessoas foram assassinadas, mas havia sinais de execução. Diariamente, diversos corpos são encontrados no Iraque, a maior parte aparentemente executada por esquadrões da morte engajados em episódios de violência sectária. Hoje, o Exército dos EUA informou que três soldados americanos morreram em incidentes registrados ao norte de Bagdá e confirmou a morte de dois militares em incidentes registrados no domingo. Segundo uma contagem da Associated Press, as cinco mortes elevam a 2.359 o número de soldados americanos mortos no Iraque desde 20 de março de 2003, quando forças estrangeiras lideradas pelos EUA invadiram o país árabe em busca de armas de destruição em massa que nunca vieram a ser encontradas.

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