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Disputa peruana deve ser voto a voto

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Por Luiz Raatz
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Empatados nas pesquisas, com 40% e 41%, respectivamente, os candidatos à presidência peruana, Ollanta Humala e Keiko Fujimori, têm 14 dias para convencer os 8% de indecisos. Com dificuldades para costurar alianças, ambos buscam adequar seus discursos para vencer a disputa. Segundo analistas, tanto Humala como Keiko têm suas bases definidas. A filha do ex-presidente Alberto Fujimori é forte em Lima e na classe média. Conta com o apoio de empresários do setor mineiro, uma das bases da economia peruana, e da cúpula da Igreja Católica. O nacionalista teve bons resultados no primeiro turno no sul do país, mais pobre e menos beneficiado pelo crescimento econômico, e é mais próximo dos sindicatos, de algumas pequenas indústrias e das comunidades eclesiais de base.Para o cientista político Eduardo Toche, há um claro contraponto entre províncias e capital. "A dúvida é se Humala deve concentrar a campanha em Lima na reta final", diz. Somados indecisos e nulos, 20% dos peruanos não têm preferência por um ou outro, mas um terço do eleitorado está na capital, onde Keiko lidera. Após ter firmado documento se comprometendo a respeitar os contratos e o modelo econômico do país, Humala participou, na quarta-feira, de um evento na Universidade San Marcos. Ele jurou respeitar a democracia e alertou para o risco de ditadura em caso da vitória de Keiko, em referência ao governo do pai, condenado a 25 anos de prisão.O ato teve a presença do Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa, que gravou uma mensagem de apoio ao nacionalista. O escritor reconheceu que teve objeções a Humala, mas garantiu que os últimos compromissos dele deveriam tirar as dúvidas dos indecisos. "Peço que votem em Humala para defender a democracia no Peru e evitar o ultraje de uma nova ditadura", disse. Vargas Llosa, porém, foi um dos poucos nomes de peso da política a apoiar um candidato. Para Toche, o apoio dos derrotados no primeiro turno - o ex-presidente Alejandro Toledo e o ex-ministro Pedro Pablo Kuczynski - não é relevante. "O sistema político peruano é composto por partidos de organicidade muito alta. O efeito do que diz um candidato não tem necessariamente influência nos eleitores", afirma Toche. Para ele, um debate entre os dois poderia definir a eleição. "O problema é que Keiko não quer comparecer", completa.

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