Apesar da tensão entre os dois países, alguns analistas afirmam que a China adotou uma posição dúbia com relação à crise diplomática. Apesar de encorajar discretamente os protestos nacionalistas contra o Japão, Pequim também tenta refreá-los publicamente. A preocupação é a de que as manifestações saiam de controle e se voltem facilmente contra o regime.Ontem, autoridades chinesas assinalaram que pretendiam reduzir a intensidade dos protestos pela soberania do arquipélago, localizado no Mar da China Oriental. Uma das razões seria o impacto da disputa, que já teria afetado o comércio entre os dois países. De acordo com analistas, a estratégia de dubiedade foi cuidadosamente elaborada pela China para aumentar a pressão sobre o Japão, mas sem deixar de levar em conta a política interna. O governo chinês manobra para garantir posições de vantagem antes da transição de líderes, como é praxe a cada dez anos no país. O processo atingirá seu momento mais importante nas próximas semanas, quando Xi Jinping substituirá Hu Jintao na presidência do país, durante o 18.º Congresso do Partido Comunista Chinês, marcado para outubro. Precauções
"O partido é muito hábil em manipular a opinião pública e os sinais de que essas manifestações foram organizadas pelo governo são muito fortes", afirmou Liu Junning, ex-pesquisador de um grupo ligado ao governo e atualmente analista independente. "Os protestos contra o Japão ocorrem sempre que os líderes chineses consideram necessário e param quando eles quiserem que parem." As precauções foram ditadas pela violenta ação dos manifestantes chineses no fim de semana. Ovos e garrafas foram atirados contra o edifício da Embaixada do Japão em Pequim, janelas de empresas japonesas foram quebradas e muitos carros japoneses danificados em toda a China. Editoriais dos principais jornais oficiais chineses pediram ontem "calma", "patriotismo sensato" e "ponderação". As autoridades chinesas também ameaçaram prender as pessoas que fizessem manifestações sem autorização, às vésperas do aniversário da invasão da China pelo Japão, na década de 30. / THE WASHINGTON POST e REUTERS