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Disputa vem desde a Guerra do Pacífico

Região do Atacama é reivindicada por Chile, Peru e Bolívia desde 1879

Por AP , Efe e Lima
Atualização:

O Deserto do Atacama sempre foi ponto de discórdia entre Peru, Chile e Bolívia. Em 1825, ao delimitar as fronteiras das nações recém-criadas, Simón Bolívar quis dar aos bolivianos uma saída para o mar e fez da cidade de Antofagasta o porto do país. Arica, ao norte, passou a ser parte do território peruano. De difícil acesso, o Atacama permaneceu isolado até a descoberta de guano e salitre, usados como fertilizante, na década de 1870. Embora o território fosse boliviano, a exploração foi realizada com mão-de-obra chilena e capital britânico. Em uma situação muito parecida com a ocorrida no Acre, território boliviano perdido para o Brasil anos mais tarde por falta de uma ocupação efetiva, a maioria das empresas que atuavam no Atacama tinha como acionistas importantes políticos chilenos, o que atrelava os interesses nacionais aos lucros da elite de Santiago. A convivência pacífica entre as mineradoras chileno-britânicas e o governo boliviano acabou em 1878. Em sérias dificuldades econômicas, a Bolívia decidiu cobrar imposto sobre o salitre extraído. No ano seguinte, em um rompante nacionalista, La Paz nacionalizou essas empresas, decisão que foi recebida por Santiago como uma declaração de guerra. O Peru foi arrastado para o conflito por ter assinado, em 1873, uma aliança militar com a Bolívia. Apesar das tentativas de conciliação por parte dos peruanos, a guerra foi declarada em abril de 1879, com o Chile ocupando rapidamente a cidade boliviana de Antofagasta. Em pouco tempo, os militares chilenos avançaram em território peruano, tomando Arica e Tacna, em 1880, e ocupando Lima, em 1881. Apesar de os três Exércitos serem pequenos e mal preparados, o Chile contou com a vantagem de ter um Estado consolidado, estabilidade política e uma Marinha superior aos dois inimigos. A paz entre Peru e Chile foi selada pelo Tratado de Ancón, em 1883, que determinou que Arica ficasse sob administração chilena pelos dez anos seguintes, quando um plebiscito decidiria de que lado a cidade ficaria. A consulta popular nunca aconteceu e a questão só foi resolvida, a favor do Chile, no Tratado de Lima, em 1929. Já conflito com a Bolívia terminou com um armistício, em 1884, e uma paz assinada em 1904, pela qual os bolivianos perdiam definitivamente todo o acesso ao mar. Com a Bolívia confinada nos Andes, a fronteira marítima foi definida por peruanos e chilenos em dois tratados, assinados em 1952 e 1954. Contudo, para o Peru, os documentos não passam de regulamentação de procedimentos pesqueiros e não são tratados formais. OS PONTOS DA DISCÓRDIA A Bolívia, que não mantém relações diplomátiacas com o Chile, exige uma saída para o mar, o que se transformou numa reivindicação histórica da política externa boliviana O Chile defende que a fronteira marítima com o Peru siga uma linha paralela e não aceita renegociar os tratados de 1952 e 1954 Para o Peru, a fronteira marítima com o Chile deveria ser uma linha oblíqua, o que lhe daria cerca de 60 mil quilômetros quadrados de mar. Os peruanos afirmam que os tratados de 1952 e 1954 foram apenas regulamentações de normas de pesca

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