Chavista dissidente promete revelar detalhes sobre a corrupção no governo Maduro

Luisa Ortega Díaz revelou que começará a publicar uma série de documentos, provas, evidências e vídeos que supostamente implicariam o chavista e a construtora Odebrecht

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Por Jamil Chade , correspondente e Genebra
Atualização:

GENEBRA - A procuradora-geral destituída da Venezuela, Luisa Ortega Díaz, revelou que iniciará uma série de publicações de dados sobre a corrupção no governo de Nicolás Maduro e já compartilhou com as autoridades dos EUA evidências que implicariam a alta cúpula do governo bolivariano.

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Ortega está em Genebra para reuniões na ONU. Em resposta ao Estado, ela apontou que decidiu divulgar as informações das quais dispunha sobre a corrupção no país. “O que eu tenho são evidências e as entreguei a diferentes procuradores-gerais”, disse a procuradora, afastada depois de romper com o governo chavista. “Mas decidi começar a publicar parte dessas evidências. Ainda vou guardar muitas delas para ver quando publicar”, alertou.

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Luisa Ortega Díaz está em Genebra para participar dereuniões na ONU Foto: AP Photo/Marco Ugarte

No domingo, Ortega promete divulgar mais uma parte de suas revelações, por meio de suas redes sociais. A decisão de torná-las públicas surge depois que a procuradora afastada passou a ser alvo de uma nova pressão do governo Maduro.

Na quinta-feira, 12, ela usou suas redes sociais para publicar um vídeo no qual um ex-executivo da construtora brasileira Odebrecht admite ter financiado a campanha eleitoral de Maduro. O vídeo traz o presidente da Odebrecht/Venezuela, Euzenando Acevedo, admitindo ter recebido um pedido de US$ 50 milhões por parte do chavista, mas acabou fechando a contribuição em US$ 35 milhões. O trecho se refere às declarações que o executivo brasileiro prestou na sede do Ministério Público Federal, no Estado de Sergipe, no dia 15 de dezembro de 2016.

Ortega explicou que o vídeo foi uma reação à decisão das autoridades venezuelanas de emitir um alerta vermelho na Interpol contra seu marido, por uma suposta conta que ele teria nas Bahamas.

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Na avaliação da procuradora afastada, essa ofensiva do governo foi também uma resposta ao fato de que foram encontrados nos escritórios da Odebrecht documentos que mostram pagamentos a primos do ex-vice-presidente da Venezuela, Diosdado Cabello.

Washington

Segundo Ortega, outra iniciativa que adotou foi a de repassar ao governo americano informações sobre os esquemas de corrupção. “Os procuradores que estão na Colômbia comigo se reuniram com os procuradores americanos e outras autoridades para trocar informação. Apresentamos evidências que comprometem altos funcionários do governo”, garantiu.

“Foi a corrupção que levou à crise que a população enfrenta hoje no campo da saúde, educação, segurança”, disse Ortega. “O governo arruinou a Venezuela, com a deterioração total das cidades, instituições, estruturas e equipes para que funcione o Estado”, lamentou.“Isso é produto da corrupção.”

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