
04 de outubro de 2013 | 02h05
Em Chak Shahzad, as granjas se enfileiram entre milharais e árvores frutíferas. No fim do caminho, ergue-se uma casa de telhado verde oliva com paredes rosa pastel e arquitetura inspirada nas construções tradicionais marroquinas.
Em torno do edifício onde o detento Musharraf cumpre sua pena, 300 policiais, paramilitares, soldados, franco-atiradores e forças antiterroristas se espalham. Vários grupos islamistas paquistaneses sonham em acabar com o homem que se aliou à "guerra contra o terrorismo" dos EUA em 2001.
O ex-presidente do único país muçulmano dotado de bomba nuclear regressou ao país em março com o objetivo declarado de "salvar" o Paquistão. Mas logo acabou detido em prisão domiciliar nesta mansão de 1.110 metros quadrados.
A residência foi terminada na época em que Musharraf vivia no exílio, entre Londres e Dubai, depois de ser obrigado a deixar o poder, em agosto de 2008. "Ele dormiu nela pela primeira vez quando voltou ao Paquistão este ano", afirmou o arquiteto Hamad Husain.
A Justiça paquistanesa reabriu os processos contra Musharraf, acusado de ter assassinado, em 2006, Akbar Bugti, chefe rebelde da Província do Baluquistão (sudoeste), e a ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, no ano seguinte, além de ter destituído juízes. Surgiram recentemente acusações pela operação militar sangrenta contra islamistas entrincheirados na Mesquita Vermelha de Islamabad, em 2007.
Em sua casa, decorada, segundo o arquiteto, com fotos de dirigentes do planeta e sabres, além de um valioso pedaço do manto que envolveu a Caaba - a construção sagrada em Meca -, Musharraf não está de braços cruzados. "Ele escreve um livro. Folheei o texto. Ele escreveu muito, mas ainda tem trabalho pela frente", afirma Raza Bokhari, seu porta-voz.
O ex-presidente vive com seus guarda-costas, assistentes e cozinheiro em uma parte da casa que é considerada uma "cela", sob a autoridade do centro penitenciário paquistanês de Adyala.
TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK
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