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Divergências impedem criação do novo governo palestino

Novas condições impostas pelo Hamas dificultam acordo entre os grupos

Por Agencia Estado
Atualização:

Novas condições impostas pelo Movimento Islâmico Hamas impedirão nesta quinta-feira o esperado acordo entre o presidente palestino Mahmoud Abbas, do Fatah, e o primeiro-ministro Ismail Haniyeh, para formar um governo de união nacional, segundo fontes palestinas citadas pelo jornal israelense Ha´aretz. Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), adiou ontem à noite a mensagem que pretendia ler hoje na televisão palestina para explicar os acordos de uma semana atrás na cidade saudita de Meca. Não está certo que ele vá a Gaza, como estava previsto. A imprensa palestina se limita esta manhã a informar o adiamento da mensagem do presidente. A agência de notícias Ma´an cita a inquietação também em outras facções, como a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) sobre a distribuição dos ministérios. Segundo o porta-voz de Abbas, Nabil abu Rudeine, a decisão se deve a "divergências" com o Hamas na interpretação dos acordos de Meca. Na Cidade de Gaza, após pedir a concórdia entre todas as facções do povo palestino, Abbas deveria encomendar oficialmente a Haniyeh a formação de um governo de união nacional, um dos principais objetivos do Pacto. O porta-voz do governo de Haniyeh, Ghazi Hamad, tinha previsto que "dentro de 10 dias" haveria um Governo de união nacional. Políticos palestinos identificados com o Fatah explicaram a decisão do presidente Abbas dizendo que o Hamas impôs novas condições. Fontes ligadas ao primeiro-ministro disseram que Haniyeh não dissolverá por enquanto o governo, como deveria fazer se Abbas encomendasse a formação de um novo gabinete. O Hamas exige que o Fatah reconheça a legitimidade de sua milícia, conhecida como "força auxiliar" ou "executiva", considerada "ilegal" por Abbas. Além disso, quer que o próximo governo mantenha todas as decisões aprovadas até o momento pelo Hamas, que assumiu o poder em março do ano passado. O movimento islâmico, segundo a fonte palestina, também exigem que o ministro do Interior no governo de unidade seja um de seus dois candidatos. Mas o acordo de Meca estipula que o encarregado do Ministério, que supervisiona os serviços de segurança da ANP, deve ser independente. "Estamos totalmente comprometidos pelos acordos de Meca e não aceitaremos mudanças nem novas condições", afirmou ontem à noite o porta-voz de Abbas. O Hamas também não aceita que o vice-primeiro-ministro do novo governo, que será do Fatah, seja o coronel Mohammed Dahlan, "homem forte" dos nacionalistas na faixa de Gaza e assessor de Abbas para assuntos de segurança. Durante os sangrentos confrontos de semanas atrás entre forças do Fatah e milicianos do Hamas, Dahlan foi alvo de alguns atentados frustrados na Faixa de Gaza.

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