Diversidade de Indiana divide eleitorado

Nas áreas brancas do sul, Hillary é favorita; Obama tem apoio na zona industrial

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Por Monica Davey
Atualização:

É difícil fazer campanha presidencial neste Estado, principalmente porque não existe um único Indiana. Em termos de política, linguagem, economia e cultura, há ao menos três Indianas. Em Salem, cidade de 6.500 habitantes localizada no extremo sul do Estado, por exemplo, Steve Erwin, barbeiro, mostrou as duas bíblias empilhadas sobre o balcão e, enquanto cortava o cabelo de um freguês, abriu uma gaveta revelando a arma que mantém ao alcance. "E eu também não guardo rancor", disse Erwin, zombando do comentário feito pelo senador Barack Obama a respeito das cidades pequenas e imaginando se as pessoas de Salem, onde a população é quase toda branca e o prefeito declarou seu apoio à senadora Hillary Clinton, seriam capazes de votar em Obama. Distante quatro horas ao norte, na cidade de Gary, população de 100 mil habitantes (84% deles negros), trava-se um debate diferente: um eleitor de Clinton questionou a decisão da escola de levar em ônibus os formandos do ensino médio até a sede do condado para votação antecipada - o que, segundo alguns, pareceram tentativas de inflar os votos para Obama. As pessoas da cidade dizem jamais ter ouvido falar de Salem. A população de Salem conhece Gary, mas recomendou a um turista que a evitasse. Gary, localizada no extremo noroeste do Estado, faz parte da Região Calumet - a zona industrial próxima do Lago Michigan e de forte conexão com Chicago, lar de Obama. Salem é uma das cidades agrícolas , tradicional base dos democratas conservadores, onde o sotaque e a música parecem ligados ao Kentucky e espera-se um bom resultado para Clinton. Indianápolis, a capital de Indiana e sua cidade mais populosa, existe como um universo à parteno meio do Estado. Entre os democratas, espera-se que Obama saia vencedori. No resto do Estado, é impossível saber o resultado por causa dos 200 mil novos eleitores que se registraram este ano e do recorde de 127 mil eleitores que votaram antecipadamente até sexta-feira. Muitos dos entrevistados na praça de Salem declararam seu apoio a Hillary. Quanto a Obama, alguns negaram ter problemas em votar num candidato negro, mas afirmaram que outros, principalmente os mais velhos, poderiam pensar diferente. "Indiana tem um histórico racial complicado", disse James H. Madison, professor de história da Universidade de Indiana em Bloomington. "Na década de 1920, o Estado era visto como fortaleza da Ku Klux Klan. Mais tarde, nas décadas de 1950 e 1960, sua legislação demorou a mudar o tratamento dispensado aos negros", acrescentou. Rudy Clay, prefeito de Gary, tem pedido a todos que votem em Obama porque o candidato apóia programas de criação de emprego, centros de treinamento e iniciativas contra a pobreza. "Suas propostas são feitas sob medida para Gary," disse ele. "Além disso, o senador mora a 20 minutos de distância."

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