
19 de julho de 2012 | 03h03
Diante de um Conselho de Segurança da ONU dividido e com os cálculos dos cinco membros permanentes sendo refeitos depois do atentado de ontem em Damasco, a votação de uma resolução sobre a Síria foi adiada para hoje.
Em comunicado, o emissário da ONU para a crise síria, Kofi Annan, pressionou por um acordo, dizendo ser necessária "uma ação decisiva do Conselho de Segurança". Mas, apesar dos apelos de Annan, o cenário, que já era de discórdia, agravou-se ontem nas negociações a portas fechadas.
Rússia e China, de um lado, e o Ocidente, de outro, continuam com posições opostas. Não havia perspectiva de consenso, apesar de os presidentes dos EUA, Barack Obama, e russo, Vladimir Putin, terem conversado por telefone sobre as alternativas.
Os EUA e as nações ocidentais defendem a inclusão na resolução do Artigo 41 do Capítulo 7 da Carta da ONU, que prevê sanções caso o regime de Bashar Assad não cumpra o plano de Annan. Rússia e China rejeitam a abordagem, defendendo a prorrogação da missão de observadores. "Se adotarmos essa resolução, será um apoio direto ao movimento revolucionário. Pressionar apenas um dos lados significa levar a Síria para a guerra civil", disse o chanceler russo, Sergei Lavrov.
O presidente do Conselho de Segurança, Néstor Osorio, disse que o órgão qualificou como "muito lamentável" o ataque de ontem, mas nenhuma condenação oficial deverá ser emitida.
Itamaraty. O Brasil tenta ajudar na negociação da resolução proposta pela Grã-Bretanha. Apesar de não fazer parte do Conselho de Segurança, o governo brasileiro está fazendo articulações com África do Sul e Índia, ambos membros não permanentes, para tentar levar adiante a resolução apoiada pelos países ocidentais. A avaliação é que, sem uma cobrança para o regime de Assad aderir ao seis pontos do plano Annan, a resolução não tem sentido.
O Brasil não defende sanções econômicas contra Damasco, mas concorda com restrições em relação à família Assad e a dirigentes do governo sírio.
Apesar da preocupação do governo brasileiro, ainda não há previsão para retirada de diplomatas e documentos da embaixada em Damasco. O embaixador Edgard Casciano julga que a medida ainda não é necessária. / COLABOROU LISANDRA PARAGUASSU
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