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Dividindo a Cisjordânia e ampliando o conflito

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Cenário: Jodi Rudoren / NYTNo alto de uma área montanhosa e desocupada, a leste de Jerusalém, há um pátio de pedra em que se veem alguns bancos de ferro verdes e uma placa anunciando a construção de uma futura comunidade judaica. Instalada em 2009, a placa promete que uma nova cidade será construída "junto à Jerusalém unificada, que em breve será restabelecida".Jerusalém, que tanto Israel como os palestinos veem como sua capital, é tudo menos unificada, e os sérios desentendimentos sobre o que deve ser feito dela são, talvez, a maior ameaça às perspectivas de paz. Desde a instalação da placa, nada mais foi construído nessa litigiosa área de 12 quilômetros quadrados, conhecida como E1, onde a população de cabras é muito maior que a de pessoas.Mas a informação, divulgada na sexta-feira, de que Israel pretende dar prosseguimento ao zoneamento e planejamento urbano da área pode mudar a situação. E isso talvez enterre de vez a chance de uma solução de dois Estados para o longo conflito entre israelenses e palestinos.A urbanização de E1 ligaria o grande assentamento judaico de Maale Adumin a Jerusalém, dividindo a Cisjordânia em duas. As cidades palestinas de Ramallah e Belém seriam separadas. Zakaria al-Qaq, professor de segurança nacional da Universidade de Al-Quds e morador de Jerusalém Oriental, descreve a situação israelense e palestina como um "ciclo infindável de ação e reação" e diz que o Binyamin Netanyahu está sendo pressionado a agir em razão das eleições de 22 de janeiro."Pode ser que os palestinos tenham obtido uma conquista ao elevar seu status na ONU em termos formais e morais, mas Israel agiu de forma mais concreta", diz. "Netanyahu tenta impor uma situação territorial, conquistando, assim, corações e mentes dos israelenses. É uma maneira bastante enfática de mostrar aos líderes palestinos que ele também tem cartas na manga."A urbanização de E1, um projeto que os EUA obstruíram diversas vezes desde 1994, há muito tempo é vista como algo capaz de causar um curto-circuito diplomático de graves consequências. Projetos de ampliação de assentamentos foram acelerados nos últimos meses, irritando líderes palestinos, israelenses progressistas e a comunidade internacional, que os consideram uma violação da lei internacional.Dani Seidemann, um advogado que vive em Jerusalém e há muito tempo atua em movimentos contra a política de assentamentos, diz que, antes dessa última decisão, o governo israelense realizou licitações para a construção de 2.366 unidades habitacionais em 2012, mais que o dobro do número de unidades construídas nos últimos três anos."Estamos nos aproximando de um ponto em que não há mais volta", diz Seidemann. "É a onda de assentamentos mais agressiva desde os anos 70." Israel começou a construir e a expandir sua ocupação em Jerusalém Oriental em 1968, pouco depois de tirar a área do controle da Jordânia.

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