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Dobra procura de emprego em Portugal por brasileiros

Por Agencia Estado
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A crescente movimentação de migrantes em Portugal é observada com atenção pelo cônsul do Brasil em Lisboa, Alfredo Tavares. "Até junho atendíamos cerca de 200 pessoas por dia. Agora, atendemos uma média de 400", conta ele. Na fila para conseguir uma segunda via do passaporte, José Carlos Cavalcanti, de 28 anos, conta que chegou há 20 dias do Brasil. "Eu tinha um comércio em Londrina, mas sem um caminhão adequado, e não deu certo. Estou aqui para juntar dinheiro para comprar um caminhão e voltar." Apesar do pouco tempo em Portugal, ele já conseguiu dois empregos. "Num deles, faço entrega de comida chinesa. No outro, vou dirigir ambulância." Cavalcanti vai ganhar cerca de R$ 2 mil por mês. Ele conta que não tinha nenhuma perspectiva de contar com um salário como esse no Brasil. Acredita que no final vai valer o esforço e a saudade da mulher, que deixou em Londrina. Há sete meses em Portugal, Osmar Abe, de 32 anos, trabalha como pedreiro e sonha com seu próprio negócio. No Brasil, ele já trabalhava como pedreiro, com um salário de R$ 600. Agora ganha o equivalente a R$ 3 mil por mês. "Dá para sustentar minha família lá." Solange Correia, de 23 anos, chegou há dois anos e seis meses e conta que já encontrou muitos conhecidos, vários deles de sua cidade natal, Nova Londrina. Ela trabalha como doméstica e recebe o equivalente a R$ 900. É mais do que ganhava no Brasil onde era funcionária de uma fábrica de tecidos. Seu marido obtém cerca de R$ 1.200 e o objetivo dos dois é construir uma casa em Londrina. Por economia, o casal e sua filha, nascida em Portugal, divide um apartamento com mais três pessoas. Maria de Fátima Melo, 33 anos, que veio de Paranavaí, lembra que os migrantes enfrentam muitas dificuldades e que é difícil guardar dinheiro. Ganham mais do que no Brasil, mas também gastam mais. Em Lisboa não é possível alugar um apartamento por menos de R$ 1.000. Muitas pessoas ficam em quartos, pagando mais de R$ 400 por mês. "Tudo aqui é caro. A diferença é a possibilidade de trabalhar sempre", afirma Maria de Fátima, que recebe R$ 900 por mês como doméstica. Em Londrina, João Paulo Casarini, de 35 anos, confirmou essas dificuldades ao repórter Roldão Arruda. Especialista em artes gráficas, com três filhos, ele viajou disposto a qualquer trabalho. Esteve em Portugal e na Espanha, lavou pratos, limpou chão, pintou paredes, mas decidiu voltar, após quatro meses. Verificou que, embora seja fácil conseguir emprego, o custo de vida é muito alto: "Há pessoas que ficam sem dinheiro para a passagem de volta." Apesar das dificuldades, o dinheiro português já movimenta a economia de cidades brasileiras. No Banco do Brasil, a média de remessas para o Brasil é de R$ 4 milhões por mês. "O maior fluxo ainda é para Minas", conta Gladstone Siqueira, diretor do banco em Portugal. Isso reflete o fato de a migração da região de Governador Valadares ter sido maior do que a do Paraná até o começo do ano. "Demora um tempo para as pessoas se estabilizarem e começarem a enviar dinheiro."

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