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Dois mil detentos britânicos serão libertados das prisões

Superlotação obriga justiça a soltar condenados por crimes não-violentos

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Por Redação
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Lord Falconer, a maior autoridade jurídica do Reino Unido, autorizou a antecipação da liberdade de cerca de 2.000 condenados detidos nas prisões por crimes considerados não-violentos, como roubos, tráfico de drogas e fraudes, segundo informações do jornal britânico Guardian publicadas nesta terça-feira. 19. A medida pretende acabar com a superlotação das prisões britânicas. Falconer fez um movimento controverso em permitir que os prisioneiros fossem libertados 18 dias mais cedo do que o previsto. Ele foi duramente criticado pelos partidos de oposição e pela polícia seis semanas depois de negar que o governo planejava aplicar o programa de soltura dos presos. O ministro da Justiça disse que sugeriu aos responsáveis pelas prisões que as detenções terminem num prazo máximo de quatro anos como uma medida "temporária". O programa começará a ser aplicado no próximo dia 29 de junho. Entretanto, a pressão nas detenções, onde a população já atinge o recorde de mais de 81.000 detentos, deixou o novo Ministério da Justiça sem grandes opções. Não há nenhuma menção sobre o número de presos que serão beneficiados pela medida. Lord Falconer disse apenas que os detentos serão certamente escolhidos de acordo com determinados critérios. "O critério exclui criminosos condenados por crimes sérios ou violentos, os que já violaram condicionais no passado e estrangeiros que aguardam deportação". A criação de mais lugares nas cadeias está nos planos do governo britânico, mas as implantações não serão rápidas o bastante para solucionar a crise imediata. Falconer disse ainda que a verba liberada para a criação de 1.500 novas vagas no sistema prisional inglês já foi garantida pelo Tesouro, além da quantia liberada para os 8.000 lugares novos nas detenções anunciados em julho do ano passado. Em conversa com a Associação dos chefes de Polícia em Manchester nesta terça-feira, o futuro primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, se comprometeu a ampliar a verba para as novas vagas, incluindo a construção "rápida de unidades extras ainda neste ano". Mais cedo, Tony Blair afirmou a questão da superlotação nas detenções era causada pelo sucesso dos governantes em combater o crime, que elevaram o número de criminosos nas detenções. Os criminosos serão avaliados pela equipe de funcionários da prisão antes de ganhar a liberdade, na esperança de tranqüilizar a população. Eles também serão sujeitos a algum tipo de supervisão e podem ser recolocados nas prisões se romperem os termos da licença da liberação. Para Simon Hughes, porta-voz dos democratas liberais, "criando milhares de criminosos, mandando milhares de pessoas para as prisões e depois as libertando antes que tenham cumprido suas penas é uma política criminal de um hospício".

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