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Dólar paralelo atinge novo valor histórico na Venezuela

Nesta segunda-feira, moeda americana é comercializada a mais de 5 mil bolívares; para analista, protestos e emissão de dinheiro sem lastro causaram escalada

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Por Redação
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CARACAS - O dólar paralelo na Venezuela alcançou nesta segunda-feira, 8, uma nova marca histórica ao supera a barreira dos 5 mil bolívares, o que representa uma desvalorização de 9,87% em relação ao dia 19 de abril, data do antigo pico da moeda, de 4.601,57 bolívares por dólar. Às 13h30 desta segunda, de acordo com a cotação do site dolartoday.com, a moeda americana era comercializada por 5.113,87 bolívares. 

O governo chavista monopoliza desde 2003 as divisas estrangeiras e só vende dólares a pessoas físicas para a importação de produtos básicos como alimentos e medicamentos, mas usa uma taxa de câmbio 510 vezes menor que no mercado paralelo. O resto dos bens do país, importados pelo setor privado, muitas vezes são comprados com moeda obtida no mercado paralelo, já que a taxa oficial para empresas está em 719,3 bolívares por dólar.

Em abril, pilha de 35 mil bolívares (foto) podia ser trocada por cerca de 10 dólares no mercado paralelo de Caracas; hoje, a mesma nota da moeda americana já vale mais de 50 mil bolívares Foto: Felipe Corazza/Estadão

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O economista Asdrúbal Oliveros relaciona esta escalada da moeda americana no mercado paralelo na Venezuela com os protestos da oposição que exigem eleições gerais antecipadas desde o dia 1º de abril e também com a emissão de dinheiro sem lastro feita pelo governo.

Oliveros diz que diante das mobilizações opositoras, o governo deu ênfase para o aspecto político e "se descuidou do econômico". "Há uma 'seca' de dólares no mercado e há mais bolívares nas ruas, o que dispara o valor da moeda americana. A incerteza política potencia este cenário", disso o diretor da consultoria Ecoanalítica.

No dia 30 de abril o presidente venezuelano, Nicolás Maduro aumentou o salário mínimo do país em 60%, o que também contribui para esse efeito. Antes disso, no fim de março, a Venezuela anunciou uma nova taxa de câmbio para aumentar a oferta de dólares para o setor privado e "vencer o dólar criminoso", com leilões semanais - até o momento, no entanto, a medida ainda não foi concretizada.

A queda dos preços do petróleo em 2014 causou uma escassez de dólares no país, o que obrigou o governo a reduzir drasticamente as importações, acentuando a escassez de alimentos e remédios. 

De acordo com o FMI, a inflação na Venezuela deve fechar 2017 em 720%. Maduro atribui a atual crise a uma "guerra econômica" da oposição, apoiada pelos Estados Unidos para tirá-lo do poder.

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"O aumento do dólar aprofundará a recessão e causará mais inflação porque cada vez mais os produtos são trazidos para o país com o dólar livre (paralelo)", diz Oliveros. "Isto trará mais escassez também porque a oferta de divisas internacionais também é menor. A isto, ainda temos que somar os problemas de saques em várias cidades e falta de distribuição em razão dos bloqueios de vias públicas", concluiu o analista.

De acordo com estudo da Ecoanalítica, o dólar paralelo pode fechar o ano de 2017 valendo até 8,1 mil bolívares, o que elevaria para 5,1 mil o valor médio da moeda americana no mercado paralelo neste ano. / AFP

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