11 de novembro de 2013 | 02h10
Como consequência do descontrole cambial, o mercado paralelo de dólares e euros se espalhou por sites especializados e redes sociais, indo além do usual câmbio de rua e em saguões de hotéis das principais cidades venezuelanas.
A Cadivi (Comissão de Administração de Divisas) centraliza as autorizações concedidas aos cidadãos para troca de moeda. Os pedidos de dólares podem ter duas intenções. A primeira forma permite até US$ 400 em gastos. O caminho é a compra de vales-presente em sites estrangeiros de vendas. O Amazon é um dos favoritos. Comprado pelo câmbio oficial após a autorização da Cadivi, o vale-presente em dólares é revendido no mercado paralelo a preços já corrigidos pela taxa das ruas. Os anúncios de venda são, em geral, feitos por redes sociais. Periodicamente, o governo executa blitze eletrônicas e fecha sites.
O golpe mais sofisticado envolve a autorização para viajantes que libera valores de até US$ 3 mil dólares, sendo até US$ 500 em espécie e o restante via cartão de crédito. As autoridades exigem uma passagem aérea confirmada para o destino declarado antes de emitir a licença de câmbio. Feito isso, o banco que gerencia o dinheiro do interessado recebe a autorização e libera o gasto dos dólares ou euros no cartão. O cartão de crédito "carregado" é levado pelo próprio cliente ou por terceiros para os países de destino e "descarregado" em máquinas de lojistas que participam do esquema. Os destinos favoritos para o golpe são Lima, no Peru, e Quito, no Equador.
Pequenas lojas de equipamentos eletrônicos trabalham com os "cartões mágicos" venezuelanos. O cliente, então, opta por levar os valores em mercadorias, pagando um ágio de, normalmente, 5% ao comerciante. Caso prefira receber em espécie, o doleiro deixa uma taxa de 10% a 15%.
O dinheiro retorna, então, à Venezuela e entra no mercado paralelo, enquanto o cliente bancário paga apenas a taxa oficial para saldar a fatura do cartão.
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