Dose de polônio para matar ex-espião custou US$ 10 milhões

Segundo relatório obtido pelo jornal The Times, quantidade utilizada para matar Alexander Litvinenko é 10 vezes superior à necessária para matar um homem

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Por Agencia Estado
Atualização:

Investigadores citados pelo jornal britânico The Times nesta segunda-feira acreditam que a dose de polônio-210 usada para matar o ex-agente da KGB Alexander Litvinenko pode ter custado mais de US$ 10 milhões. A conclusão é parte de um relatório preliminar elaborado a partir da autópsia do corpo do ex-espião, segundo o qual Litvinenko teria sido contaminado por uma dose dez vezes mais forte do que a quantidade necessária para matar um homem. Litvinenko morreu no último dia 23 envenenado por polônio-210. Em uma carta feita em seu leito de morte, o ex-agente russo acusou o presidente russo, Vladimir Putin, pelo crime. O Kremlin rejeita veementemente a alegação.I Ainda segundo o jornal britânico, a polícia ainda não sabe porque os assassinos usaram uma quantidade tão grande de polônio-210. Os investigadores trabalham com duas hipóteses: ou o objetivo era mandar uma mensagem - pois assim seria mais fácil para os legistas detectarem o elemento radioativo - ou trata-se de uma evidência de que a operação foi mal preparada. Agora, os investigadores tentam saber como uma quantidade tão expressiva do elemento foi adquirida. Segundo uma empresa que vende o elemento pela internet, cada isótopo de polônio-210 custa US$ 69 dólares. Assim, seriam necessários 15 mil pedidos - o que custaria mais de US$ 10 mil - para se obter a quantidade utilizada pelos assassinos. A empresa acrescentou ainda que só vende pequenas quantidades do elemento nos Estados Unidos a cada três meses. Assim, qualquer pedido por 15 mil unidades seria facilmente identificado. Moscou No front russo das investigações, os policiais britânicos que há duas semanas levantam evidências sobre o caso em Moscou podem ter encerrado nesta segunda-feira seus procedimentos. A informação é de fontes ligadas às investigações citadas pela agência de notícias russa Interfax. Também nesta segunda-feira, duas testemunhas chave do caso voltaram a ser interrogadas pelos policiais britânicos. Segundo a agência russa RIA-Novosti, o executivo e também ex-agente da KGB Dmitry Kovtun disse ter dado depoimentos "exaustivos" aos investigadores nesta segunda-feira. Kovtun, que encontrou-se com Litvinenko no dia 1º de janeiro - o mesmo em que o ex-agente morto ficou doente - também está contaminado por radiação, e encontra-se internado em uma clínica de Moscou. A outra testemunha interrogada pela segunda vez nesta segunda-feira foi o sócio de Kovtun, que também encontrou-se com Litvinenko em 1º de novembro e que encontra-se internado por envenenamento por radiação. Alemanha Autoridades alemãs encontraram traços de polônio-210 em vários locais de Hamburgo visitados por Kovtun antes de viajar para Londres para o encontro do dia 1º de novembro. Segundo a Interfax, o interrogatório de Kovtun foi requisitado devido às descobertas da polícia alemã. Promotores alemães, por sua vez, suspeitam que Kovtun possa ter mexido ilegalmente com material radioativo. Eles trabalham com duas possibilidades: ou o executivo foi vítima dos mesmos que mataram Litvinenko ou está envolvido na obtenção do material radioativo.

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