Chame de batalha humanitária de bandas. Primeiro, o bilionário britânico Richard Branson afirmou, na semana passada, que organizaria um show beneficente para a Venezuela na noite da sexta-feira 22 no lado colombiano da fronteira. O espetáculo deve acontecer na ponte por onde devem passar os suprimentos bloqueados pelo Exército de Nicolás Maduro.
Na segunda-feira 18, o governo bolivariano respondeu que faria concertos rivais nos dias 23 e 24 do lado venezuelano da Ponte Símon Bolívar, por onde milhares de venezuelanos desesperados fugiram para a Colômbia para escapar da crise econômica e política. Autoridades venezuelanas também prometeram entregar para Cúcuta 20 mil caixas de comida subsidiada pelo governo.
Os eventos rivais complicam um cenário tenso na fronteira, que pode ter impactos significativos no futuro da Venezuela.
Do lado venezuelano, há soldados, milicianos e mísseis enviados pelas forças de Maduro, cuja legitimidade foi desafiada em janeiro quando o líder da oposição, Juan Guaidó, declarou-se presidente interino durante protestos anti-governo.
Na Colômbia, existem equipes de televisão e caminhões cheios de suprimentos. No entanto, Guaidó e outros líderes não explicaram como essa ajuda será levada para o lado venezuelano, alegando que divulgar a estratégia seria um risco aos planos.
Agora, as "batalhas de shows" estão dentro de uma guerra maior sobre quem tem a autoridade para ajudar os venezuelanos a lidar com escassez de comida e remédios.
A meta do evento do britânico Branson é levantar US$ 100 milhões online e “trazer atenção global para essa crise inaceitável e evitável”, como afirma o website para o evento. A agência de notícias Associated Press afirma que o lineup conta com a banda mexicana Maná, o compositor dominicano Juan Luis Guerra, o produtor franco-espanhol Manu Chao e o cantor espanhol Alejandro Sanz. O organizador afirma que todos cantarão de graça.
Não está claro quem se apresentaria no evento de Maduro. O ministro da Informação de Caracas, Jorge Rodríguez, afirmou na segunda-feira 18 que os shows do final de semana teriam o slogan “nada de guerra, sem interferência na Venezuela”.
Guaidó afirma que a ação de Maduro para ter um evento rival parece “desesperada”. Qualquer artista internacional que aceite o convite do governo chavista pode enfrentar duras críticas. / THE NEW YORK TIMES