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EaD dispara no Uruguai, onde 100% dos alunos até ensino médio da rede pública ganharam tablets

Equipamentos, distribuídos pelo Plano Ceibal, de 2007, colocaram país em situação privilegiada para enfrentar os três meses de quarentena

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Por Redação
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A plataforma educativa oficial do Uruguai passou de 90 mil a 730 mil usuários durante o fechamento das escolas devido ao novo coronavírus. Mas, com as aulas presenciais já retomadas, os professores advertem que nada substitui o encontro cara a cara.

No Uruguai, 100% dos alunos das escolas públicas de ensino fundamental e médio têm um tablet cedido pelo Plano Ceibal, projeto criado em 2007, durante o primeiro governo de Tabaré Vázquez (2005-2010).

No Uruguai, 100% dos alunos das escolas públicas de ensino fundamental e médio têm um tablet cedido pelo Plano Ceibal, projeto criado em 2007 Foto: Pablo Porciuncula/AFP

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A rede colocou o país em uma situação privilegiada para enfrentar os três meses em que as escolas permaneceram fechadas após a declaração de emergência sanitária em março, ao mesmo tempo que destacou o papel da tecnologia na educação.

"Antes da pandemia a infraestrutura estava muito subutilizada: as plataformas (carregadas em tablets) eram utilizadas como acessórios e sua importância não era percebida da forma como encarada agora", disse à Agência France Press o presidente do Plano Ceibal, Leandro Folgar.

Com o programa Ceibal em Casa, destinado a manter as atividades dos estudantes e evitar a interrupção do vínculo com os professores durante o confinamento, os números do ensino à distância dispararam.

"Passamos de 90 mil a mais de 730 mil usuários ativos em um universo de 800 mil estudantes possíveis, com um salto de até 2.400% de crescimento no uso de atividades e tarefas em plataformas on-line", afirma Folgar.

Além disso, 9 mil docentes começaram uma formação em cursos on-line, o que não acontecia antes", completa.

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A questão representou alguns desafios - como o aumento em quatro vezes da capacidade dos servidores.

As aulas presenciais retornaram no país de modo gradual em junho, mas várias escolas recebem apenas parte dos alunos: com a emergência de saúde, o governo determinou que o retorno às salas é voluntário.

Alguns alunos continuam participando apenas a partir da plataforma on-line, mas outros praticamente abriram mão do dispositivo.

Os casos de famílias que tão têm recursos para pagar a conexão com a internet foram contemplados com planos gratuitos ou subsidiados, assim como com programas educativos no canal de televisão público.

O desafio a partir de agora é encontrar um modelo que combine a presença com o uso da tecnologia, uma dinâmica que o país não tinha, apesar do Plano Ceibal.

"A infraestrutura existia e nos permitiu reagir rapidamente, mas um modelo nestas condições continua sendo de emergência e vamos sentir o golpe como todos os países”, disse Folgar.

O fechamento das escolas mudou a percepção não apenas sobre o papel da tecnologia na aprendizagem, mas também a respeito da importância do encontro cara a cara.

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O Uruguai, elogiado por seu controle da epidemia, é o único país da América Latina que retomou as aulas presenciais em todos os níveis da educação.

"O contato face a face proporciona muito mais do que apenas avançar o conteúdo do currículo", diz Folgar.

“É o espaço de socialização dos nossos estudantes, onde podem imaginar possibilidades, onde podem pensar de maneira diferente. Acredito que a ONU enfatiza isso”, acrescenta, em referência ao apelo do organismo internacional para a retomada das aulas o mais rápido possível para evitar uma "catástrofe geracional".

"A função da escola como âmbito fundamental de socialização e de espaço de crescimento é insubstituível". /AFP

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