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Egito admite impacto negativo de prisão de jornalistas

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O presidente do Egito, Abdel-Fattah el-Sissi, reconheceu pela primeira vez que as sentenças aplicadas a três jornalistas da TV Al-Jazeera tiveram um impacto "muito negativo" na reputação do país. Ele afirmou também que desejava que os jornalistas nunca tivessem sido julgados.Os comentários de el-Sissi aos editores de veículos de mídia egípcios foram publicados neste domingo. As declarações marcaram o primeiro reconhecimento público de autoridades do país de que o caso tem afetado as relações do Egito com a comunidade internacional.A sentença dos três jornalistas no dia 23 de junho, após um julgamento de cinco meses descrito como uma "farsa" por grupos de direitos humanos, desencadeou um clamor internacional.O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, classificou as sentenças de "assustadoras e draconianas" e exortou as autoridades egípcias a responderem às preocupações internacionais. Um dia depois de as sentenças terem sido anunciadas e a onda de condenação internacional que se seguiu, el-Sissi pareceu estar rejeitando a pressão, dizendo em comentários televisionados que não irá interferir em decisões judiciais.Em suas declarações publicadas neste domingo, ele disse que o caso representava um dos desafios de política externa enfrentados pelo Egito, mas não disse se ele pediria clemência. Ele pareceu estar refutando alegações de que o caso seja motivado politicamente e um reflexo da tensão entre o Egito e Qatar, o estado do Golfo que é dono da rede de televisão. O Qatar foi um defensor do deposto presidente islamita Mohammed Mursi e seu grupo Irmandade Muçulmana. Após a queda de Morsi no ano passado, muitos dos líderes do grupo mudaram-se para o Qatar para evitar uma intensa repressão do governo que levou milhares para a prisão. "O veredicto emitido contra os jornalistas gerou consequências muito negativas; e nós não temos nada a ver com isso", afirmou el-Sissi, sugerindo que era uma questão totalmente da Justiça. "Eu gostaria que os jornalistas tivesse sido deportados imediatamente após a prisão deles ao invés de terem sido julgados. Os comentários foram publicados na versão online do jornal Al-Masry Al-Youm.Os três jornalistas da Al-Jazeera são o australiano premiado Peter Greste, o egípcio-canadense Mohammed Fahmy e o produtor egípcio Baher Mohammed. Eles foram presos no dia 29 de dezembro e acusados de ajudar a Irmandade Muçulmana, fornecendo plataforma de mídia e equipamento. Os egípcios foram acusados também de pertencer à Irmandade, grupo considerado pelo governo com uma organização terrorista. Greste e Fahmy receberam, cada um, pena de sete anos de prisão, enquanto Mohammend foi condenado a 10 anos de prisão. Três outros jornalistas estrangeiros foram condenados a 10 anos à revelia.Os acusados podem apelar das sentenças, em um processo que pode levar meses. A constituição do Egito permite que o presidente emita clemência, mas especialistas argumentam que o processo de apelação precisa ser concluído primeiro. Fonte: Associated Press.

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