Egito avisa Israel do crescente ódio árabe

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Por Agencia Estado
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O presidente do Egito, Hosni Mubarak, alertou aos israelenses nesta sexta-feira de que as recentes ações militares contra os palestinos ajudam a alimentar o ódio por Israel em todo o mundo árabe - ódio que só aumentará, se a hostilidade persistir. Em entrevista concedida à tevê israelense, Mubarak disse que as operações de Israel foram vistas na televisão pelos árabes mesmo nos vilarejos mais remotos do Egito. "Vocês estão criando ódio em todos os árabes", declarou Mubarak. "Chegará um momento em que 400 milhões de árabes os odiarão. E o que vocês farão então? O que vocês podem fazer contra 400 milhões de pessoas?" O enviado especial dos Estados Unidos à região, Anthony Zinni, chegou nesta quinta-feira a Israel para tentar negociar uma trégua. Entre as propostas para chegar ao fim da violência figura uma do príncipe herdeiro saudita Abdullah, para que Israel retire suas tropas de todos os territórios ocupados durante a Guerra dos Seis Dias, travada em 1967, em troca da paz com todos os Estados árabes. Numa conversa recente, o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, pediu a Mubarak para que levasse uma mensagem ao príncipe Abdullah, de que gostaria de discutir a proposta com ele, disse Mubarak. Ele disse ter passado a mensagem adiante, mas admitiu não esperar uma resposta positiva. Deixando implícito que não confia em Sharon, Mubarak disse que o premier israelense prometeu "coisas boas", numa recente conversa por telefone entre os dois, mas acordou no dia seguinte com a notícia de que o Exército israelense havia invadido a cidade de Ramallah, na Cisjordânia. "Agora eu lhe pergunto, me diga: você está querendo brincar com a gente?", questionou Mubarak em referência a Sharon. "Seja honesto comigo. Nós queremos ajudar. Nós queremos que haja paz e cooperação em toda a região." Mubarak disse que tanto os israelenses quanto os palestinos estão cometendo erros. "Há pessoas nos dois lados que não estão interessadas num cessar-fogo", acusa. "As partes precisam se sentar juntas. Mas cada uma está agindo de acordo com suas próprias opiniões, e ninguém está ouvindo nenhum conselho. Isto levará a um desastre." Mubarak também alertou que as tentativas israelenses de derrubar o presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat, "causariam um efeito bumerangue e jogariam toda a região num inferno". Algumas autoridades israelenses, entre elas ministros do gabinete de Sharon, querem que Israel derrube Arafat pela força. Os quase 18 meses de confrontos entre israelenses e palestinos já deixaram 1.195 palestinos e 351 israelenses mortos. O conflito começou em 28 de setembro de 2000, depois que o hoje primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, visitou a Esplanada das Mesquitas, um local sagrado para judeus e muçulmanos.

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