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Egito manterá aberta fronteira com Gaza

Cairo diz que o posto de Rafah ficará aberto 'indefinidamente'; Israel não quis comentar a decisão que ameniza o bloqueio ao território palestino

Por Reuters , AP e Afp
Atualização:

CAIROUma autoridade da área de segurança do Egito, que não quis se identificar, disse ontem que o governo egípcio pretende manter a fronteira com a Faixa de Gaza aberta "indefinidamente", o que amenizaria o bloqueio imposto por Israel ao território palestino para impedir que o grupo Hamas tenha acesso a armas. Segundo o funcionário do governo egípcio, o bloqueio israelense a Gaza "falhou". Por enquanto, segundo ele, o país permitirá apenas a passagem de um grupo restrito de habitantes de Gaza, como pacientes, médicos e alunos das universidades estrangeiras. Grandes carregamentos, incluindo materiais de construção, continuarão proibidos. A abertura do posto de Rafah ocorreu logo após o ataque de Israel a um navio turco que levava ajuda humanitária aos habitantes de Gaza, na semana passada. A operação matou nove ativistas. O governo israelense não quis se pronunciar publicamente sobre a decisão dos egípcios.O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou ontem que está em contato constante com o Egito para tentar encontrar novas formas de enviar ajuda a Gaza. Biden reuniu-se ontem com o presidente egípcio, Hosni Mubarak, no balneário de Sharm el-Sheikh.Egito e Israel mantinham o bloqueio desde que o Hamas assumiu o controle de Gaza, em 2007. Até então, o embargo servia aos dois países. Enquanto os israelenses evitavam o contrabando de foguetes e armas para o Hamas e os egípcios tentavam conter o crescimento dos insurgentes islâmicos, que são ligados à Irmandade Muçulmana, maior grupo de oposição no Egito. Ataque. Ainda ontem, uma patrulha naval israelense matou cinco palestinos que usavam equipamentos de mergulho na costa de Gaza. "A patrulha avistou um barco com homens em trajes de mergulho, a caminho de realizar uma ação terrorista e atirou contra eles", disse um porta-voz militar de Israel, sem esclarecer qual seria o suposto alvo dos militantes.A Brigada dos Mártires de Al-Aqsa, grupo militante ligado à Fatah, do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, disse que os cinco eram membros de sua unidade marítima, mas afirmou que se tratava de um treinamento e não de uma operação terrorista. A imprensa israelense disse que a ação foi realizada pela mesma unidade naval responsável pela abordagem da flotilha humanitária na semana passada. O governo de Israel anunciou que realizará uma investigação própria sobre o ataque à frota humanitária. O ministro da Defesa, Ehud Barak, afirmou que nos próximos dias daria mais detalhes sobre o formato da investigação. A decisão foi tomada um dia depois de Israel rejeitar pedidos da ONU, dos EUA e de aliados europeus para que o país formasse uma investigação independente sobre o caso.Negociação. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, anunciou ontem que enviará uma delegação à Faixa de Gaza para buscar uma reconciliação com o Hamas. "A melhor resposta ao ataque de Israel contra a frota de ajuda humanitária seria a reconciliação de todas as facções palestinas", disse Abbas a um canal de TV turco.O grupo de Abbas, a Fatah, controla a Cisjordânia e é o único reconhecido por Israel e pelos EUA como representante dos palestinos. As duas facções estão definitivamente rompidas desde 2007, quando o Hamas tomou o poder em Gaza. Abbas afirmou que a única condição é que o Hamas aceite a proposta de reconciliação apresentada pelo Egito, em outubro, que abriria caminho para a realização de eleições presidenciais palestinas. PARA LEMBRARAção contra navio deixou 9 mortosNo dia 31 de maio, comandos israelenses invadiram o navio Mavi Marmara, de bandeira turca, que levava ajuda humanitária aos palestinos da Faixa de Gaza, que sofre há três anos um bloqueio de Israel. Os passageiros do navio atacaram os solados com paus e facas. Os israelenses revidaram com tiros. Nove ativistas morreram - oito turcos e um americano.

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